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Erotico-->27. A MENSAGEM FURTADA -- 03/10/2003 - 06:38 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ovídio estava curioso para conhecer a página que apanhara no centro. No entanto, esperou estar sozinho para não receber a censura de Cleto. Por isso, somente quando se viu trancado no quarto é que pegou a folha, onde leu:



Graças a Deus, estou de volta! Muito obrigado, meus filhinhos, por darem ouvidos a este velho amigo, respeitando a minha mensagem anterior. Quanto aos nomes, não dêem importância a eles, mas prestem bastante atenção aos dizeres.

Hoje vou contar-lhes uma história verdadeira, dos meus tempos de juventude. Certo dia, estando a sós com Jesus, perguntei-lhe:

— Rabi, se o Pai nos recebesse em seu reino de glória, que palavras destinaria a nós?

O Nazareno, lançando sobre mim aquele olhar complacente que reservava aos discípulos ignorantes, respondeu:

— Diria, simplesmente: “Sede bem-vindos, queridos filhos, à bem-aventurança!”

— Não diria nada mais?

— Que mais poderia dizer: “Eu vos perdôo!”? Não está implícito, na festiva recepção, que todos os pecados estão perdoados?

— Ele não nos abençoaria?

— Que maior bênção existe além de nos agasalhar em seu seio de amor?

— Não perguntaria nada sobre nossos sentimentos?

— Que poderá existir no Universo que Deus não saiba?

Naquele dia, entendi que Jesus sabia muito mais do que estava ensinando ao povo, nas parábolas, e aos discípulos, reservadamente.



Ao final do texto, um simples nome: “João”.; e uma indicação: “Médium: Plínio”.

Ovídio repetiu a leitura mais duas vezes. Seu maior desejo foi sair correndo atrás do irmão, porque lhe parecia que a mensagem continha uma profecia.

Foi assim que, no dia seguinte, debateu o tema com Anacleto:

— Eu acho que fiz uma coisa que você vai reprovar...

— Não posso reprovar nada que a sua consciência já não tenha apontado como errado, senão você não estaria falando comigo assim. Mas vá dizendo logo o que foi.

Ovídio percebeu que lhe despertara o interesse.

— Ontem, tirei do quadro de avisos do centro espírita uma folha escrita por nosso pai.

— E daí?...

— Daí, nada! É que eu acho que ele não disse tudo o que se passa lá dentro.

— Você vai ou não vai me mostrar o escrito?

Plínio deu-lhe o papel meio amarrotado, que foi lido incontinênti. Cleto, à medida que tomava conhecimento dos dizeres, passou de um riso franco a um ar de extrema seriedade.

— Que é que você acha disso? — foi logo Ovídio querendo saber.

— Ridículo e absolutamente preocupante.

— Não entendi...

— Eu explico. Este nome que está aqui embaixo só pode referir-se ao Apóstolo e Evangelista João. E aí está a graça. Será que alguém é tão ingênuo que se julgue capacitado a receber avisos enviados de dentro do Reino do Senhor? Pois o Espiritismo acha que sim. Como é que eu sei? Não precisei ler muito o livro que recebi, aquele que trata dos espíritos, para encontrar lá...

Cleto abriu a pasta, retirou o volume e procurou o ponto, indicando ao irmão:

— Veja aqui, logo nos “Prolegômenos”, “São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg etc. etc.” Se o nosso pai leu este livro, reparou logo no primeiro nome citado. Só faltou escrever “São João”, porque a referência ao apóstolo se contém na mensagem.

— E o que tem isso de engraçado?

— Eu acho que o demônio encontrou um servidor ignorante e está “pondo para quebrar” em cima da ingenuidade do velho. O mais interessante é que essa folha você disse que retirou do quadro de avisos. Sendo assim, todo mundo deve estar sendo logrado numa só jogada. E ainda acham que estão recebendo espíritos puros, santificados e glorificados...

— Não me deu vontade nenhuma de rir.

— Vidinho, você não está achando ridículo, porque acreditou que seria possível que o nosso pai merecesse tamanha honra. Sendo assim, foi logo vendo que o velho está sendo abençoado.

— Abençoado não sei se está. Veja a data. Faz uma semana que o texto foi escrito.

— Certo. E qual a conseqüência que você tira disso?

— Ele foi avisado que a gente ia visitá-lo. Veja como é que Deus recebe os dois: — “Sejam bem-vindos, queridos filhos, à bem-aventurança.”

— Você quer dizer que Jesus e João somos nós dois e que o Pai é o nosso pai?

— Essa é a idéia.

— Interessante. Não vou dizer que não. Mas será que o demônio não podia soprar a mesma coisa, fazendo-se passar por João?

— Aí você me pegou. Bem podia ser ele. Por que, então, os espíritas não viram que estavam sendo enganados?

— Quem está nas mãos do maligno quase sempre nem sabe disso, principalmente se estão achando que estão felizes. Um dia, chega a desgraça dos vícios, dos crimes, dos desastres financeiros, das doenças, dos acidentes, da morte na família, e eles descobrem qual era a verdadeira intenção do diabo. É aí que correm para as igrejas, pedindo ajuda, querendo “amarrar” os espíritos infernais.

Ovídio abanava a cabeça não concordando com algo, mas não sabia expor direito a sua intuição. Finalmente, apenas para dizer alguma coisa, observou:

— Sem contar o fato de que a história ninguém comprova, o que há de errado naquilo que está escrito? Deus...

— Para começar, usaram do santo nome do Senhor, o qual deveria você mesmo resguardar, como está escrito na Bíblia. Depois, é importante saber que tudo o que os mortos falam pode ser inventado por qualquer um. Eu não acho que o nosso pai fez isso. Acho que “passaram a perna” nele. Sendo assim, ele foi iludido e todo aquele povo que acreditou na mensagem apócrifa (significa: “de mentira”).

— Cleto, você quer dizer que o demônio é capaz de ditar uma página cheia de verdades, cheia de pensamentos positivos, para levar os homens a pecar?

— Exatamente isso. Sendo assim, ninguém pode aceitar nada que venha de uma pessoa de carne e osso, na pressuposição de que as coisas estejam sendo controladas por Jesus. Tudo tem de vir do Senhor, que se revela aos corações dos homens arrependidos, conforme tantos testemunhos que são dados no templo.

Ovídio estava meio aturdido com o discurso do irmão, não tendo mais nada para opor, acreditando vagamente que deveria oferecer resistência às assertivas de que Jesus viria aos homens e João Evangelista, não. Calou-se, fazendo questão de receber de volta o papel que o irmão ameaçava destruir.

— Cleto, eu cometi um ato desonesto. Preciso devolver ao pai. Vou pôr no correio, com um pedido de desculpa.

— Não seja bobo, Vidinho! Nesta hora, ele já colocou outra folha no quadro. Essa bobagem aí foi impressa.

Por um esforço de memória, Ovídio visualizou o quadro de avisos, recordando-se de um lembrete logo abaixo da folha:

— É verdade. Estava escrito que havia cópias das mensagens na secretaria.

Mesmo assim, logo depois do almoço, escreveu a Plínio, explicando o sucedido e pedindo permissão para permanecer com um “xerox” que providenciara.

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