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Erotico-->5. COMO NÃO PODERIA DEIXAR DE SER -- 11/09/2003 - 06:50 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não sabiam as personagens mas os leitores estão a par de que a pessoa assaltada era um delegado de polícia e isso faz muita diferença.

Trazidos os três malandrinhos à carceragem, foram colocados à mercê dos adultos, pintainhos inexpertos perante galos “rinhentos” ávidos por bicar a carne fresca e tenra dos engazopados da sorte. Pior ainda quando se ouviu dos policiais a recomendação de que deveriam conhecer de que couro se extrai a correia.

Plínio ficara na mesma, porque a conversa com os dois espíritas não lhe adiantou nenhuma providência prática, embora servisse para lhe estimular a idéia de que a esposa saíra em procura do remédio para os vícios dos filhos.

Esperou o término do expediente sem realizar nenhum serviço, na expectativa de receber algum telefonema ou a visita dos investigadores.

“Não é possível que os detetives não saibam onde moram os rapazes e onde trabalham os pais. Deve ter sido a primeira coisa que o Ovídio deve ter suplicado. O infeliz deve estar precisando trocar as calças, porque não é brinquedo se ver às voltas com a repressão policial.”

Era o tempo em que a televisão mostrava os agentes da lei agindo contra a marginalidade, aplicando os cassetetes com a máxima competência. Algum tempo antes, houve tremenda carnificina dentro de um presídio, quando mais de cem encarcerados tombaram sem vida, e Plínio tivera oportunidade de ver as fotos nos jornais e as cenas na televisão, com os corpos em diversas fileiras, desnudos e feridos.

Irresistivelmente, juntou ao grupo o filho menor e pôs-se de joelhos perante o Senhor, a rogar pela salvação dele. Claro está que tudo se passava no âmbito da mente mas, se tivesse dobrado as pernas, teria alcançado o mesmo efeito, já que Saldanha suspendeu o regozijo e correu a ver se evitava males maiores ao pequeno criminoso.



O narrador deve pedir vênia aos leitores para outros parênteses, tendo em vista a necessidade de elucidar que o local em que se reuniam os delinqüentes na cadeia estava sob o domínio de certas entidades malignas, espíritos de má catadura, obsessores e demais caterva sem qualificação espiritual. Se Kardec se desse ao trabalho de classificá-los em sua escala, iria incluí-los entre os da última ou, no máximo, penúltima categoria.

A conseqüência disso é que Saldanha não alcançaria o seu objetivo, repudiado que se viu desde logo pelos túrgidos humores emanados daquela turbamulta de seres imperfeitos.

“Para adentrar esse nefando e putrefato ambiente, preciso vir na companhia de plêiade de entidades preparadas para enfrentar as forças conjuntas de tantos vampiros.”

Enquanto o tímido protetor se dirigia à colônia que o vinha agasalhando, um grupo de espíritos bondosos envidava esforços no sentido de, a distância, interessar os mais perversos num plano de fuga, desviando-lhes a atenção dos recém-chegados, dando-lhes a confiança de que os rapazelhos “estavam na mão” e não tinham como escapar da ação libidinosa.



Na hora da saída, Silvinho se propôs a acompanhar o superior, predispondo-se com boa vontade a percorrer as diversas delegacias ao derredor do bairro em que moravam, a partir das informações que Margarida pudesse oferecer.

Foi assim que, com o ânimo derreado, Plínio conduziu seu veículo através do intenso trânsito, levando mais de hora até arribar em casa, onde encontrou o tumulto instalado.

De fato, havia cinco viaturas policiais estacionadas à sua porta, soldados portando metralhadoras, a multidão mantida longe.

Para passar pelos guardas, precisou identificar-se como dono da casa e pai do malfeitor. Silvinho passou reconhecido pelos sentinelas.

Lá dentro, o maior fuzuê de móveis e objetos, tudo arremessado ao chão durante a pesquisa de pente fino para o encontro de drogas e de armas.

Margarida correu para perto do marido, demonstrando desespero, mas sem gritar:

— Plínio, veja o que o Ovídio aprontou para nós! Eles acharam maconha, cocaína e três lâminas de aço escondidas debaixo do colchão dele. E agora estão revirando tudo.

Não deu tempo para o pai se lamuriar e já apareciam mais objetos proibidos: uma arma de fogo municiada e várias trouxinhas de craque.

O tenente encarregado das buscas foi logo interrogando:

— O senhor é o pai do indiciado?

— Sim.

— Onde esteve até agora?

— Trabalhando na firma do Doutor Simões, onde passei o dia.

Silvinho apresentou-se como testemunha:

— Tenente Conrado, lembra-se de mim?

— Como vai, Sílvio? Que faz aqui?

— Trabalho com este senhor e vim junto para ajudar no que for possível.

Mas o tenente estava para pouca conversa:

— Como é mesmo o seu nome?

— Plínio.

— Para facilitar as coisas, vá mostrando onde estão os bagulhos e a muamba.

— Eu não estou sabendo de nada.

— Vai me dizer que não tem conhecimento das atividades de seus filhos...

— Não, senhor. Eu sei que eles estão viciados. O que não sabia era que estavam desse jeito.

— O que achamos aqui caracteriza tráfico de drogas e, se ninguém tem porte de arma, então estão enquadrados em mais esse tipo de crime.

— Eu nunca vi esses objetos. Isso é coisa deles.

— Quantos anos tem o mais velho?

— Dezessete.

— Todos “de menor”. Eu já devia saber...

Plínio desejou conhecer a extensão do crime:

— Que foi que o Ovídio fez para merecer toda esta gente aqui em casa?

— Vai me dizer que o senhor não sabe...

— Estamos chegando agora do trabalho. Fui avisado pela minha mulher que ele foi preso tentando assaltar uma pessoa.

— Tentando assaltar, não! Depois de ter assaltado o delegado. E veja que estavam os três armados, sendo que foi seu filho quem encostou o punhal na autoridade.



Para os leitores que vêem televisão, é cediça a narrativa do que ocorre em situações dessa espécie. De resto, poucos escritores serão tão versáteis na exposição de tais acontecimentos que suplantem os vídeos dessas reportagens “in loco”. Vamos poupá-los, pois, indo diretamente ao desfecho, qual seja, o de que Plínio foi intimado a acompanhar os policiais, levando consigo Margarida e Silvinho, que seguiram no carro da família, para o encontro com o delegado que providenciou o enquadramento dos meliantes, perante as declarações da vítima e dos investigadores que efetuaram a prisão em flagrante delito.

Enquanto isso, Moacir, alertado por Silvinho telefonicamente, providenciava socorro jurídico junto aos causídicos do movimento de defesa dos direitos dos cidadãos, especialmente dos menores de idade.

Após várias horas de espera, de idas e vindas, de discussões e petições, orais e escritas, lograram os advogados transferir os infratores para um centro de recuperação de delinqüentes juvenis, de onde não sairiam tão cedo.

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