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Erotico-->A ARTIMANHA DAS CABINES -- 11/10/2001 - 09:38 (Odorico Affonso Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



CRÔNICAS DO COTIDIANO



A ARTIMANHA DAS CABINES


TINO




A barranca do Rio Paraguai estava totalmente de fora em Porto Esperança.
O navio gaiola Cmt Balduino, ancorado a uns seis metros abaixo da plataforma tornava difícil o seu acesso.De propriedade do Exército Brasileiro era a única embarcação com viagens regulares para o Forte de Coimbra.
Esta narrativa deveria ter acontecido há mais de 30 anos. Acredito que hoje algumas melhorias devam ter ocorrido... Dúvidas ainda tenho por estar a sua localização em pleno Pantanal, na altura da fronteira do Brasil com a Bolívia e o Paraguai.
Não poderia escrever esta crônica sem discorrer sucintamente sobre hábitos e costumes e tocar ligeiramente na parte histórica. Nos futuros relatos em fatos do cotidiano, pretendo falar mais sobre esta região maravilhosa. Suas aves, fauna, peixes, costumes, fazendas de gado hoje algumas já transformadas em fazendas pousadas para repouso e esportes diversos.
Mas vamos lá. Estamos em Porto Esperança, vindos da guarnição militar de Forte de Coimbra com destino a cidade de Campo Grande, capital hoje do Estado Mato Grosso do Sul.
Cidade que já naquela época crescia através suas atividades na..pecuária, na indústria extrativa vegetal, na agricultura e no setor do comércio. Entreposto do Estado teve o seu grande desenvolvimento após a interligação ferroviária através da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Abrigou assim, a função de maior desenvolvimento bancário do Estado.








Como 1o Ten. tinha o encargo de me deslocar uma vez por mês para a grande cidade. Missão: Receber o numerário destinado ao pagamento do pessoal e ocorrer despesas com aquisição de material e alimentação.
-Tenente! Apresse-se pq o trem já despontou lá na curva da ponte...
Gritava o Cabo Vera.
O trem apitou na curva do grande rio e chegou... Carros em madeira, empoeirados com salão para refeição, cabines leitos e poltronas sujas nada confortáveis.
Os usuários, brasileiros residentes naquela parte esquecida do Brasil... A grande maioria, habitantes de Corumbá, a Cidade Branca, populações ribeirinhas, inclusive Forte de Coimbra e bolivianos oriundos das cidades da fronteira Porto Soares, Sta Cruz de lá Sierra. A então Estrada de Ferro Brasil Bolívia, creio hoje já desaparecida levava os trilhos da Noroeste do Brasil até Sta Cruz de la Sierra na Bolívia.
Destino: Cidades no eixo da ferrovia Noroeste do Brasil, como Miranda, Aquidauana, Campo Grande, Bauru, São Paulo Capital, Rio de Janeiro e outras cidades do sul.
Como status da época, pessoas com maior poder aquisitivo usar avental branco chamado guarda-pó. Nos terminais de Bauru e Corumbá, os ditos aventais originariamente brancos tinham a cor avermelhada ao final de cada viagem... Dias e mais dias para se galgar as distâncias.
Acomodei a minha bagagem da melhor maneira possível e estirava as pernas nas muitas e pequenas paradas... Um refresco de piqui aqui e outro ali. O Pantanal possui regiões de rara beleza como as dos afluentes do Rio Paraguai, rios Miranda, Aquidauana e outros mais.
Aves cruzavam o céu em bandos com grande ruído e estardalhaço. Entre elas, Araras, patos selvagens, garças, tucanos, tuiuiús e centenas de outras espécies.
Animais de pequeno e grande porte habitavam as margens dos rios e corixos em abundância. Onças, capivaras, cervos, antas, caititus, ariranhas, lontras e os jacarés entre tantos outros.
. Meu destino como disse era Campo Grande... À grande distância até a Cidade Morena ensejava que tivesse tempo para fazer o planejamento das múltiplas missões...





Ao embarcar notei entre os passageiros do vagão, a bela mato-grossense sentada algumas poltronas na minha frente. Já íntima de todos, mantinha-se em reserva comigo. Quase não me dirigia a palavra... Fiquei sabendo que se tratava de fazendeira em Corumbá... Linda de cara e de corpo, deveria ser descendente de bolivianos habitantes na região...
Nas suas feições castigadas pelo sol o traço mongol característico dos bugres bolivianos. Fofinha, quadril largo, coxas grossas.Trajava saia tipo bombachas e calçava botas. Curtia o ¨ tereré... Após várias horas de viagem, descobri que ficaria em Miranda...Não nos falávamos, mas passamos a nos olhar... A pouco mais de uma hora de Miranda, se achegou a mim e perguntou se poderia sentar-se ao meu lado...
- Como vai? Me chamo Tino e vou para Campo Grande.
Disse ao me apresentar.
- Já sei... Sei tudo sobre vc... Respondeu.
A conversa que antes não era nenhuma, agora já era franca e muito íntima. Assim soube detalhes íntimos da sua vida, inclusive sexual. Que adorava cavalos e que ia para Miranda a fim de negociar alguns animais de puro sangue. Na hora do almoço, fez questão que nos colocassem juntos na mesma mesa.
Falou-me da sua fazenda... A terra, os colonos, o gado Indubrasil que criava. O seu gosto pelo campo, o trabalho de marcação da sua cria em campo aberto, fato comum em todas as fazendas pantaneiras, a castração e o sabor deste forte alimento, os testículos do touro preparados com sal e tostados na brasa... Apreciava acompanhar a cobertura das éguas de puro sangue e chegou a me confidenciar a sua excitação ao presenciar tal prática...Deu entender que por não ter um garanhão que a cobrisse em casa, apelava para a masturbação ou para a entrega a algum ¨maludo da fazenda.A manipulação das partes genitais dos animais era tb um dos seus atrativos.O tempo passou com ela sem o sentir... A poucos minutos da sua chegada ao destino me fez um pedido:
- Tenente! Quando pretende retornar de Campo Grande?
Feita às contas, lhe revelou o dia e o trem em que viria.
- Para quem vem de C. Grande a passagem é fácil de ser comprada. Quem toma o trem no meio do caminho como eu, dificilmente consegue cabine.










- Qdo se consegue, apenas poltrona e mal situada. – Poderia comprar uma cabine pra mim? Assim, qdo o trem passar de madrugada por aqui, já terei a minha acomodação.
- Poderia me fazer este favor? Aqui tem o dinheiro.
- Claro que faço isto para vc... Sem problema... Guarde o seu dinheiro. - - Acertaremos depois...- Falei.
Seu nome havia esquecido de mencionar: Santa.
- Miranda! Passageiros com destino a Miranda, ajeitem a bagagem...
Um cumprimento afetivo e carinhoso por parte da Santa, me surpreendeu...
- Boa Viagem Tino e até domingo à noite...
O trem apitou dando sinal de partida e fomos nós para Campo Grande. Cidade de árabes cercada de japoneses por todos os lados. Nesta progressista cidade, o Cruz Gomes me preparava uma surpresa para os dias em que lá permaneceria.
Os meus dias passados nela farão parte de uma crônica especial, bem como os dias passados em Corumbá.
Na chegada, afim de não ter problemas com a compra das passagens, corri ao guichê da Noroeste do Brasil.
- Senhor! Cabine para domingo... Desejo duas até Corumbá. Pedi.
- Senhor! Lamento... Tenho apenas uma cabine com dois leitos. Retrucou.
- Como farei? Necessito de mais uma para pessoa em Miranda.
- O Senhor não tem problema... Acomode a pessoa de Miranda na sua cabine. Tem dois leitos.- Disse o funcionário da estação.
Até então não havia colocado macacos na minha cabeça... A sugestão, muito inteligente por sinal, colocou milhares de bugios na cuca. Sugestão magnífica.
Domingo, dia do retorno.
Arrumando a bagagem duplicada na cabine, chamei o encarregado do vagão e lhe disse:
- Senhor! Espero a minha esposa em Miranda... Vou dormir e gostaria de ser acordado para recebe-la. Ela viajará comigo. Não esqueça de fazer o pedido para o carro restaurante...A que horas deverá a composição chegar a Miranda...









- Se o trem estiver no horário, deveremos chegar lá pelas 2 hs da madrugada. Respondeu.
- Faremos um lanche com certeza. Falei.
O trem vagarosamente começou a se deslocar e matutei a artimanha a empregar sobre as cabines.
- Miranda! Miranda há 20 minutos... – O encarregado do vagão.
Socando a porta da minha cabine:
- Senhor! Acorde! Miranda há 20 minutos...
Escovei os dentes, lavei o rosto com uma cerveja, me fiz bonito e pronto para receber Santa.
Suavemente a composição foi encostando-se à plataforma. Coloquei a cabeça para fora da janela e tentava encontrar Santa naquele mafuá de pessoas caminhando e cruzando a estação. Abanando com o chapéu na mão ela me viu e me fazia sinal... Abracei-a e ficou feliz em viajar comigo e em cabine como havia pedido.
Ajudei a colocar sua bagagem no vagão...
- Santa! Tenho notícias não muito boas... Falei.
- Que foi? O que houve? Parece que esta tudo bem...
- Só consegui uma cabine com dois leitos. Vc se incomodaria em viajar comigo na cabine? - Pedi a reserva dos dois leitos...
- Um beijo...Vc é um amor! Sem problemas...
O Encarregado do carro em seguida vinha avisar que o ¨quebra-torto reservado já estava pronto. Tentei lavar as mãos com a água do vagão, mas não deu...Era barro puro...Santa riu muito e acostumada a Noroeste do Brasil, sempre trazia consigo um¨borrachão com água fresca... ¨Comemos gostoso... Alguma coisa a milanesa...Não consegui identificar... Parecia bife, mas não era... Carne de rabo de jacaré... Piranha bem fritinha... A sua cabeça muito saborosa.
Há um dito popular de quem come cabeça de piranha não sai mais do Pantanal. Não sei se estava bom mesmo ou se a fome é que era grande... Santa sacou de sua sapicuá uma garrafa de Aristócrata canha paraguaia muito apreciada na região...Bebia muito... Não tinha condições de acompanhá-la...










Sempre sorrindo irradiava felicidade por ser a minha companheira de cabine...Demonstrou isto...
Fomos para a cabine e nos trancamos. Recomendei ao encarregado do vagão que não desejaria ser incomodado.
Tranquei a porta... Olhei para Santa... Ela me fitou tb. Sentamos no leito de baixo e começamos a conversar e a bebericar a canha paraguaia... Casos e mais casos ela se deliciava em narrar... Em dado momento, enveredou para aqueles sobre sexo... Sexo de peões, de peões com éguas e outros animais, de cobertura de animais de gde porte e por aí... Percebi que tal assunto a excitava... Segurei na sua mão e a achei fria... Tentei beija-la... Aquiesceu e nos envolvemos longamente...Ao tentar retirar a sua roupa tive de apagar a luz... No escuro tentei sentir o seu corpo farto. Estava acostumada a ir direto a via dos fatos. Estranhou qdo comecei a prepará-la... Tão excitada ficou que me permitiu acender a lâmpada da cabine... Adorou os meus ensinamentos atingindo orgasmos múltiplos... Tão voluptuosamente quente que qdo gozava só faltava me estrangular... Já experiente nas coisas do sexo, conseguia evitar a ejaculação, me preservando e desta forma, esgotando o furor da mulher que era Santa...Pela primeira vez ela sentiu o prazer de uma língua na sua orquídea... A cada orgasmo, gritava e me xingava em guarani... Foi à noite toda...Quando percebi que Porto Esperança estava por chegar, a devorei totalmente..- Gozamos juntos... Jamais havia copulado com uma mulher como Santa e como eu a satisfiz... Desejou seguir comigo para o Forte... Não queria me perder...Só se convenceu qdo lhe prometi que a visitaria na fazenda em Corumbá. Perguntei como resolveria o problema com seu marido. Disse-me com a maior naturalidade que não haveria dificuldade. O mandaria para um hotel em Corumbá... Hotel Vernizelos.
A minha estada na Fazenda Sete Estacas, prometo contar numa outra crônica do Pantanal.
Foi uma viagem maravilhosa... Hoje confesso que jamais encontrei mulher mais fogosa que Santa... Não tenho nem idéia de quantas vezes ela chegou aos orgasmos sucessivos durante a viagem...Os casos eróticos narrados por ela eram de excitar a mais fria das colunas de pedra...








Na chegada do trem a Porto Esperança, praticamente todos lá se encontravam me aguardando. Saltei do vagão e ao me dirigir à embarcação Cmt Balduino, percebi que ela me acenava enviando beijos pela janela do trem... Brutalizada pela vida áspera que levava, era na cama que se realizava e mostrava a sua feminilidade, o seu tesão o seu gozo maior.
Escreveu-me algumas vezes... Numa das cartas, uma foto dentro do seu tema favorito. A cobertura de uma égua.
Deu certa a artimanha das cabines sugerida pelo funcionário da ferrovia.





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