Sempre tive vontade de morar numa ilha deserta. Viajar por mares calmos, na companhia de poucas pessoas. (Duas ou três, no máximo). Construir uma cabana, sobreviver da pesca e do que a mãe natureza oferecesse. Morar numa ilha, para mim, era um desejo tão forte como do homem de ter asas para voar. Então, aconteceu que o homem inventou o avião; SOUTO, Marluce criou “Os Rochedos de Morresal” e eu viajei num navio fantasma sob o nevoeiro.
As ondas batiam fortemente entre os grutescos rochedos de Morresal. Olhei o mar e senti a maré subir lentamente,tampando embaixo de si todo o mistério... Comecei a imaginar-me naquele barco, batendo bravamente nas ondas...olhei com ar de desprezo e revolta para os rochedos. Mas eles estavam ali, indiferentes e imóveis. Permaneciam fincados no mar, orgulhosos pela sua beleza natural. A nada reagiam. As ondas batiam violentamente contra as pedras, erguendo aos céus uma imensa quantidade de água.
Continuei a leitura do livro: cento e duas páginas de aventuras, estórias de pescadores, piratas e sereia. Desejei ser um rochedo para estar fincado no mar, quebrando as ondas, e tive medo de que um navio viesse a chocar-se em minhas muralhas. Então, “Eu não mais queria ser um deles, apenas olhava com admiração para Os Rochedos de Morresal."
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