|     
				| LEGENDAS |  | ( 
					 * )- 
					Texto com Registro de Direito Autoral ) |  | ( 
					 ! )- 
					Texto com Comentários |      |   | 
	|
 | Ensaios-->Merenda vespertina -- 11/10/2013 - 13:14 (Brazílio) |  |  |  |  |  |
 | Ao voltar da igreja, já bem de noutinha, após a ladaínha, papai costumava trazer 
 um agrado para partilharmos na manhã seguinte. Após cear o pão dos anjos, alma
 
 lavada, uma rosca, um pão-de-açúcar, era coisa ansiada - e abençoada.
 
 A condição, contudo, era não anteciparmos aquele prazer, não ir com sede demais
 
 ao pote. E não era fácil obedecer o mandamento não escrito.
 
 Dali, a necessidade de se esconder a oferenda, antes que ela virasse merenda.
 
 Trancar não havia como pois todas as portas nos eram franqueadas e chaves nunca
 
 negadas.
 
 Numa vez, muito particularmente, me lembro de vê-lo chegar com uma rosca
 
 arredondada, circular feito um anel, igualmente cobiçada pra dedéu.
 
 Foi quando ele fez o desafio: vou dar um sumiço nesta, mas se acharem, têm
 
 permissão para a antecipação.
 
 E mal dado o tempo para a manobra evasiva, fomos chamados à caça. Éramos
 
 então uns seis ou sete famelicus angelicus, daí, a tarefa não seria das mais árduas.
 
 Afinal, copa e cozinha tinham um limite de gavetas e outros possíveis esconsos.
 
 Mas qual o quê, depois de longos e aflitivos minutos de baldada procura,
 
 entregamos os pontos. E papai, por fim, nos entregou a rosca anular: havia-
 a acomodado numa inocente forma de bolo de alumínio, do mesmo formato, já
 
 bem amassadinha, para a parede viradinha, penduradinha..., compartilhando com
 
 copos, conchas, bequinhas e outros penduráveis no escorredor de madeira, em
 
 formato de grade, fixado contra a parede, entre a pia o o guarda-comidas, ambos
 
 verdes, diante de nossos compridos - e descomprometidos - olhos...
 | 
 |