Prostitutas não têm amigos nem amizade com ninguém. Não confiam nem na própria sombra e nem podem. Muitas são as cicatrizes que trazem no corpo e na alma deixadas pelos revezes da vida. Não têm histórias escritas em livros e os que escrevem sobre elas, fazem amor com as letras. São gigolôs. Tiram o dinheiro delas, retiram de onde não puseram.Prostitutas são personagens da dor, canal por onde entra a fumaça do demo.
Traem e são traídas, ferem e são feridas. Defendem um relacionamento que não queriam ter, mais precisam. Precisam de dinheiro... Sim, relacionamentos que as putas disputam: um amor que não recebem e nem dão. Tudo é negócio, a vida, um ócio, uma monotonia de esperar cair a tarde e apagar a estrela que mora nelas, em vez de acendê-la.
Fingem, apenas fingem que gostam e em paga, recebem dinheiro e fingimento. Aqueles a quem chamam de meu hôme. Não são seus, pertencem às esposas que deixaram em casa, ou àquela que um dia terão como sua. Nada fica, nada sobra para uma puta:nem presente, nem futuro. E quando envelhecem, dormem na rua inalando o cheiro de creolina. É o perfume do futuro, o tesouro que guardaram em cesto roto.

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