O homem é mau em sua natureza humana e, ao mesmo tempo, bom, em sua natureza divina. Não! Esse dualismo é uma concepção não-cristã. A matéria seria má e o espírito bom? Por acaso Deus é autor de más obras?De modo algum! “O Senhor Deus formou, pois o homem e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida...”(Gn 2,7) “contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom...”(Gn1,31)
Deus não criou demônios; fez anjos bons que se tornaram maus, porque não quiseram ser apenas anjos. Mesmo divinizado por Deus, o homem não é Deus; somos apenas uma jóia revestida de ouro; não o ouro. Somos apenas um espírito revestido de luz, mas não somos a luz.
Podemos ser bons ou maus; cidadãos ou bandidos. Cabe a cada um a decisão de querer andar na luz ou nas trevas. Cada um escolhe o caminho a seguir: se andará mal-acompanhado ou sozinho; se fará o bem ou o mal, sabendo que só o bem é fonte de estímulo à alegria, à paz e à harmonia. E o mal, uma ponte que se destina a conduzir os incautos à sua própria ruína. Todo bem retorna à origem; assim também o mal à sua origem torna. Navegando na vaga ou morrendo no cais, recebe-se a recompensa pelas obras praticadas. Cedo, tarde ou agora, no fluxo e refluxo, o amor brota, ou a vida jaz.
Criado para amar e ser amado, o homem decide se quer ser fiel ou ladrão; trabalhar ou roubar; semear e ceifar preservando a natureza; assorear os rios, ou reter desordenadamente suas águas; acabar com o encanto da cascata, de nascentes e de cachoeiras; destruir toda a beleza da foz; derribar árvores, abrir clareiras ou matar todo ser que respira com morte lenta e dolorosa.
Tudo pode ser mudado em cinco minutos. Em apenas cinco minutos, podemos mudar o destino da própria vida... Em cinco minutos, pode-se gerar uma vida, uma amizade, um futuro brilhante. Em apenas cinco minutos, podemos destruir tudo isso!
Então, pus-me a examinar o que havia entre o céu e a terra: lancei um olhar humano sobre a natureza divina, e um olhar divino sobre a natureza humana. Olhei com olhos divinos para conhecer o amargor do pão e do mel humanos; depois, olhei com olhos humanos para conhecer o suave-doce do Pão e do Mel divinos. Foi assim, que busquei inspiração na fonte da sabedoria divina para escrever “UMA LUZ NA ESCURIDÃO” .