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Ensaios-->MARECHAL DO IMPÉRIO -- 23/06/2004 - 14:28 (Moura Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

MARECHAL DO IMPÉRIO


*Moura Lima


Noite festiva ao som do foguetório. Era a manifestação do povo, em louvor a Nossa Senhora dos Remédios!
Ali reunidos, em fraterno bate-papo, à porta do Hotel Tropical, encontravam-se os escritores: senador Maya, Desembargador Liberato Póvoa, Moura Lima, Osvaldo Póvoa, Messias Tavares, Fidêncio Bogo, todos membros da Academia de Letras do Estado do Tocantins e o Capitão Malaquias que confraternizava com o grupo.
Porém, aquela plêiade de intelectuais representava a cultura tocantinense. Para a gente simples da terra, eram espantosas as vestes daqueles ilustres homens, que se apresentavam, elegantemente vestidos, com o fardão azul-marinho da Academia, reluzindo, ao brilho da luz, os arabescos dourados do spencer e o distintivo folheado a ouro.
O Historiador Osvaldo Póvoa externava a sua preocupação:
- Olhem, confrades, aqui é uma cidade do interior, e será que as pessoas não vão confundir as nossas Indumentárias com a dos Paquitos?
O senador Maya, rindo, juntamente com o grupo, acrescenta:
- De fato, corremos o risco, é verdade, pois não deixa de ser novidade. Mas vamos andando, que daqui até a Unitins, é um bom pedaço. E estamos em cima da hora para a reunião. Infelizmente, o ônibus não poderá nos conduzir, devido à multidão pelas ruas, em comemoração aos festejos.
- Estou de acordo, ponderou Messias Tavares, levantando-se com os demais confrades.
E o grupo irrompeu altaneiro, pelas ruas e praças centenárias de Arraias. À frente da coluna de intelectuais, sobressaía o respeitável senador Maya, ao lado do Capitão Malaquias, que ostentava no peito, várias medalhas, balançando ao ritmo da cadência da marcha. A coluna, ao dobrar a primeira esquina, deparou com a procissão de Nossa Senhora dos Remédios. O professor Fidêncio Bogo e o senador Maya resolveram cruzar a procissão, respeitosamente. Aí ocorreu o primeiro comentário, de duas beatas, que dedilhavam o rosário ao cheiro de vela queimando. Ambas cochichavam:
- Virgem Maria! Espia lá, Ducarmo! ...Esses foliões, não são daqui!
A outra respondeu:
- Cruz credo, que roupa esquisita!
E seguiam os intelectuais, indiferentes aos comentários. Os cochichos se multiplicavam no percurso. Ao descerem na rua do Côco, eis que surge, para espanto do grupo, no meio da multidão, um crioulo de metro e oitenta, cambaleando, e fazendo ziguezague com as pernas. Pode-se dizer, que era um verdadeiro capacete de alambique! O grupo recua, mas o crioulo avança na direção do senador Maya, e, num reflexo instantâneo, percebe as medalhas do Capitão Malaquias, e muda de opinião. O Capitão recua tardiamente, e recebe em cheio um caloroso amplexo do crioulo, que emite um retumbante e emocionado grito:
- Viva o Marechal do Império!
Do outro lado da calçada, um barraqueiro nordestino completa:
- São os marechais, gente!
E prosseguia o grupo de intelectuais, rumo à Unitins. Os comentários, à medida do percurso, vão se proliferando. Ao chegarem ao prédio da Unitins, novos comentários aguardavam o grupo. O senador Maya, ao pisar o primeiro degrau da escada do prédio, é interrogado carinhosamente, por um senhor de cabelos grisalhos, que se encontrava no alto da escada:
- Vocês são músicos de primeira classe?
- Sim, meu senhor, talvez de uma orquestra sinfônica!
Lá fora a noite prorrompia-se em festa, com o estrondo dos foguetes, e os vivas a Nossa Senhora dos Remédios! _______________________________________

( Publicada no Jornal do Tocantins),


* Moura Lima é advogado, romancista, contista, ensaísta e membro da Academia Tocantinense de Letras e Piauiense. É autor de vasta obra literária. E-mail: j.mouralima@zipmal.Com.br
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