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Ensaios-->Sobre Espertinhos e Trouxas -- 31/03/2004 - 16:49 (Magno Antonio Correia de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Em outra oportunidade, comentei por aqui que estamos numa situação deveras angustiante, à luz da aparente inexistência de governo no poder e de oposição em exercício de suas faculdades. O bom de não ser dono de verdade nenhuma, contudo, traz em seu bojo uma grande vantagem: não há afirmação que se faça, para os que enxergam o mundo e os fatos com olhos isentos, incapaz de sofrer revisão posterior. Foi o que me permitiu, em linhas gerais, tornar-me crítico vigoroso do grupo político que ajudei a eleger, embora também me atrapalhe o gostoso prazer de torcer pelo Fluminense Futebol Clube.

Referências futebolísticas à parte, o fato é que não foi exato o diagnóstico de que não existe governo ou oposição. Há governo sim, mas de modo inusitado, porque ele é plenamente exercido pela oposição. A agenda petista coincide com a do governo anterior – salvo o acréscimo pontual de algumas perversidades, principalmente as que infernizam o sossego de velhinhos e servidores públicos – e o que está ocorrendo se resume à realização de todos os sonhos pefelistas e tucanos, com a vantagem de que o enorme desgaste decorrente está sendo inteiramente imputado aos partidos situados à esquerda do panorama político.

Noutro dia, tolos foram os que se espantaram com a enfática defesa do ministro da fazenda promovida por um conhecido senador tucano. Estava o parlamentar defendendo seu próprio ministro e não uma autoridade adversária de seus planos. Henrique Meirelles – e a amnésia institucional nos fez esquecer esse detalhe – elegeu-se deputado federal não pelas hostes petistas, mas pelo PSDB de Fernando Henrique.

O pior de todo esse estelionato, portanto, é a sua autoria. Não se trata de um escroque solitário, divertindo-se em enganar a população e inviabilizar que o pé do povo seja finalmente resgatado da lama. O problema é que estamos sujeitos à tirania de velhos aliados que se faziam de adversários. Não há a quem recorrer porque fazem todos parte da mesma abjeta trama, como se mocinhos e bandidos houvessem se aliado para assaltar o cofre desprotegido do banco.

A esperança que resta – incrível a afirmação na crença de que há alguma – resume-se a um aspecto isolado, uma variável sobre a qual aparentemente não há como manter absoluto controle. Refiro-me à certeza de que a eleição de Lula, digam o que disserem, exibam quantas cartas fajutas bem entenderem, representou a profunda repulsa da opinião pública brasileira a tudo o que estava ocorrendo. A censura à imprensa, a tentativa desesperada de isolar os que desenvolvem uma real e efetiva resistência a essa sanha maluca, tudo isso tem uma explicação simples: o pânico de que algum dia a população se dê conta de que tudo mudou para ficar rigorosamente do mesmo jeito.

De minha parte, não me restam dúvidas de que a questão mais sensível à fúria do homem comum é mesmo a da moralidade administrativa. O PT sensibilizou a todos adotando esse discurso porque essa é uma questão arraigada na expectativa do populacho. Noventa e nove vírgula nove milhões novecentos e nove mil por cento dos brasileiros tem grande dificuldade para levar a vida. Sua pelo pão de cada dia e paga impostos demais para tolerar a locupletação pacífica de vagabundos.

O Brasil do século vinte e um não é mais, queiram ou não admitir os coronéis que nele ainda residem, aquela casa da sogra que existiu em grande parte dos últimos quinhentos anos. O famoso “jeitinho brasileiro” e os sorrisos do “homem cordial” agonizaram e morreram, sem direito a recauchutagem. Devo avisar aos que insistem em remar contra essa inexorável realidade que não acabarão bem os que pensam ter enganado a todos. Não me parece que serão aplaudidos os integrantes de PT e PSDB quando o povo descobrir que votou em massa em um político do primeiro partido e terminou elegendo um adepto alegre e camuflado do outro. Zeca Pagodinho que o diga.
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