OUVIR E ENTENDER MÚSICA – parte CINCO
OS QUATRO ELEMENTOS DA MÚSICA - RITMO
por Coelho De Moraes baseado na obra de Aaron Copland
Ritmo, Melodia, Harmonia e Timbre: são elementos essenciais, matéria prima do compositor. O ouvinte leigo não tem consciência deles em separado. O que sobra para o ouvinte leigo é tecido sonoro. O somatório desses elementos.
Ritmo: Se a música teve um começo há concordância de que ela começou através da batida. Perceber o movimentos dos corpos e os ritmos básicos. O ritmo de danças e canções.
O ritmo foi anotado pela primeira vez em 1150, em notações medidas – compassos? – introduzindo o elemento para os povos ocidentais. Até essa época – para os povos ocidentais - o que havia era música vocal, em sua maioria, para acompanhar poesia ou prosa.
O ritmo acompanhou as entonações da prosa ou da poesia. A tônica da palavra falada seria a tônica da palavra cantada. O ritmo anotado liberou a música da palavra falada. A notação liberou o compositor para desenvolver o contraponto – dotada de mais de uma voz que flui simultaneamente.
A noção da unidade métrica quantificada – compasso. A repetição dessa unidade métrica quantificada nos dá um padrão rítmico.
Exemplos: Pode ser de dois tempos UMdois, UMdois (sendo o primeiro tempo tido como o mais forte). Para bem ilustrar podemos lembrar, nesse caso, do tempo de marcha.
Pode ser de três tempos UMdoistrês, UMdoistrês (e podemos lembrar de um tempo de valsa, a título de ilustração, apenas).
Podemos em quatro, cinco, sete tempos e por aí vai.
Sobre essas células rítmicas se sobrepõe o conjunto sonoro, a harmonia, as várias melodias e aí perceberemos – o grande exemplo são os madrigais – que a concepção de primeiro tempo como o mais forte não é uma regra imutável. Fora dos madrigais temos Debussy para mostrar que o pulso constante se perde e se dilui na trama harmônica. Temos painéis e conjuntos sonoros.
Por isso vale a pena falar sobre METRO e RITMO.
Pegue uma poesia de Camões ou Shakespeare. Ao lê-los você obterá o sentido silábico, com acentuações nas tônicas das palavras.
Quando lemos de acordo com o sentido das palavras e do fraseado completo, teremos o ritmo.
Dessa forma, quando batemos o primeiro tempo forte e os outros de acordo com o que os professores ensinaram teremos apenas a métrica da música, mas não a música.
Ao lermos as frases completas da construção, teremos uma leitura rítmica, portanto caminhando na direção da interpretação musical.
Tchaikovsky, tomando emprestado elementos do folclore russo compõe, como na Patética, com métrica de cinco tempos UMdois+UMdoistrês; inovação que permitiu a que outros experimentassem mais ainda.
Em suma, o tempo, o pulso, das divisões, as métricas, terão valor relativo no processo de interpretação musical.
Há a possibilidade junção de ritmos diferentes, em vozes ou naipes diferentes. Lembrar sempre que, necessariamente, não necessidade alguma de marcar esses ritmos com qualquer instrumento de percussão. Você pode construir unidades rítmicas misturando pausas e sons. Daí lembrar da polirritmia do jazz e da rumba cubana, por exemplo, de amplo respaldo em músicas das raízes folclóricas.
Busque ouvir Gershwin, Bela Bartók, Stravinsky, Darius Milhaud, e estará bem servido. Mas também ouça Palestrina e Gesualdo.