Sinto falta da tua fotografia
poderia transformá-la em papel de carta para deitar sob ti a
minha poesia...
Poesias sob poesia...
decorando geografias
esquematizando enigmas viajando ao lúdico e ao
surrealista...
impressionismo da alma
floreado de desenhos a esmo
abstratizando a vida
solvendo muralhas
sedimentando querências
desmistificando carências
reprimindo a dor da temporária ausência.
Quanto mais distante...
Melhor posso vê-la.
Tu és o meu sol sob nuvens de cetim...
Venha obscurecer a minha vida, o meu querer, o meu
pensar e não pensar...
O aguçar do meu desejo
e o gosto suave do beijo
Minha manga rosa e outras frutas tropicais que enamora
minha gris poesia ao sabor anis...
Continue a juntar nuvens sob ti e embaça-te mais, esconda
tua beleza para não me enfraquecer e, desta forma,
poderei aumentar o desejo.
Quero desconhecer para poder conhecer mais...
Quero desaprender tudo para poder contigo aprender
Quero camuflar sentimentos para não ofuscar os teus
Quero ler nas entrelinhas
Quero buscar o não pensar
para poder pensar em ti
Quero esvaziar-me de todo o saber, de todo pensar e
querer...
Para mais em mim te caber
Quero ouvir a inaudível canção ao tom ritmado do teu
coração
Quero sentir a tua respiração e aspirar os teus
resquícios...
Quero ter mais interstícios para poderes invadir-me e
preencher-me
Quero aumentar o apetite
para alimentar-nos.
A minha fome me alimenta.
A escuridão me excita.
O teu olhar faz-me refletir e ao mesmo tempo repetir
sonhos e ilusões de adolescente, mas estou consciente
infelizmente.
Falta uma pitada de sombra para esta poesia poder
voar...voar... vou ar...
talvez em sonho ou viagem astral minha poesia encontre a
verdadeira poesia e juntas possam brilhar no reluzir do teu
olhar xale...
Enquanto isto, contemplo a tua pessoa inigualável e
inesquecível e, permaneço inerte no brilhar de teus raios
sob minha criatividade de poeta...
E nas manhãs vejo borboletas copulando flores e
pássaros cantarolando
Na noite grilos grilvando e estrelas o teu brilho roubando.
Vejo teus raios
onipotentes e onipresentes
cintilando tua aura
formando um arco-íris
no reluzir de tua tez
bronzeada e ornada
de gotículas minissicais
expelindo desejos...
Sinto o cheiro...
[e como sinto]
O teu gostoso cheiro
suave odor de uma única flor
seria a flor do amor?
Tua sinfonia é perfeita
teus acordes audíveis
tua voz: torrão de açúcar no meu chá
teu beijo um manjá
Teus olhos se dizem
misturam-se olhares
ora felina doce fera
ora despojada mulher
ora somente sedução
São folhas verdes caídas ao chão
entre a pupila e íris
vejo o meu rosto
e me contento
assim estou dentro de ti...
quando estou dentro da tua retina por alguns únicos instantes...
Poesia para uma deusa?
Não. São versos para uma especial orquídea
que mais se parece com o núcleo do sol
entre raios e pétalas
a inebriar meus desejos,
e minha alma,
e meu coração,
e meu pensar poético...
E penso em voz alta em sonho:
Tu não és apenas uma mulher,
és a própria poesia...
És a poesia em forma de flor,
ou de estrela,
ou de raios.
É o meu sol
que canto em canções
em tons bemol
Estrela que acompanha
o meu girasSOL
LI suas linhas da mão
SE existe felicidade
então ela se abriga em ti...
Que venham outras estrelas
para te admirar
Que venham outros sóis
para em teu reflexo brilhar