Não me interessa apenas escrever poesia. Quero
é me colocar em estado de poesia. Ser
uma antena, hipersensível. Feroz,
como uma pantera. Sutil,
como um vagalume. Intenso,
como um vendaval.
(Ademir Assunção)
Em junho, o poeta Ademir Assunção lança 'Zona Branca' (Editora Altana). É autor de 'LSD/Nô' (poemas) e 'A máquina peluda' (prosa). Tem vários de seus poemas musicados. O parceiro mais freqüente é o compositor MADAN.
Dele, eu mesmo musiquei três poemas de 'LSD/Nô'. Entre eles:
'Suicídio'
(para Kurt Cobain)
Um cara mete uma bala bem no meio da testa,
jeito sangrento de dizer adeus.
Eu não aguento mais,
and I don t have a gun,
a terra devastada mais uma vez.
[...................]
a grande buceta engole sacana,
suga o sangue negro, negro como coca-cola,
cospe fora o caroço marrasquino.
Fumaça de Luky Strike corroendo os pulmões
bitucas incineradas, o fio se soltou,
a sonda penetra, o coração dispara
sangue nas manchetes dos jornais.
Agora o ar está parado,
lua em eclipse sombrio.
O sol sustenido continua tenso
nas cordas da guitarra.
Nevermind, nevermind.
___________________
Quando do lançamento de 'A máquina peluda' (contos)na Biblioteca Municipal 'Mário de Andrade' (Araraquara, 1997), escrevi para o jornal local Tribuna Impressa uma resenha.
Alguns dias depois, esse mesmo jornal publicou uma longa entrevista que Ademir Assunção e o compositor Madan nos concederam, a mim e a Henrique Punk, vocalista da banda FUNERAL (rock punk), num bar chamado ESPAÇO ALTERNATIVO.
Ademir Assunção é araraquarense. Com Ricardo Corona e Rodrigo Garcia Lopes, edita MEDUSA (Curitiba), uma das revistas de ponta da poesia brasileira contemporânea.
Penso editar a longa entrevista (duas páginas de jornal) e publicá-la para os leitores e/ou não-leitores do usina , em junho, quando não podemos deixar de estar ligados no lançamento do novo livro: 'Zona Branca'.
Para quem ainda não viu: Ademir Assunção e Madan, juntos no palco, são impressionantes. Não deixem de tentar saber como é que se chega a viver um acontecimento como esse. Impossível não entrar 'em estado de poesia'.
