Comentando à mesa do almoço, ter sonhado com meus pais, fui alertado para a possibilidade de ser o resultado de uma associação com o dia de amanhã.
Tal menção levou-me a conjeturar a respeito do sentido da palavra finados. Palavra que significa findos, acabados, mortos, ... , sempre com um sentido de final. Realmente, não deixa de ser a morte, o fim. O fim de um ciclo. E, o fim de um ciclo indica o início de outro.
Talvez seja chegado o tempo de mudarmos um pouco nosso ângulo de visão, abolirmos algumas de nossas demonstrações de egoísmo, de cultivarmos e usufruirmos da essência, do perfume deixado pela flor da vida que se exaure. Sem egoísticas tristezas, sem os inúteis e perniciosos lamentos.
Louvemos a flor da vida como frasco que abriga o perfume; jamais como o caule espinhoso onde, em nossa desatenção, talvez tenhamos levemente ferido o dedo descuidado.
Que seja o perfume, o guia, o indicador de nossa caminhada terrena e, temporal.
Finadas sejam as mágoas, as tristezas e as más lembranças.
Brindemos, com alegria, o privilégio de termos compartilhado momentos da vida terrena de um outro caminhante, nosso irmão. Nosso companheiro de bancos escolares.
A alma transita como o passageiro que apeia do trem quando chega ao seu destino, quando é cumprida a etapa de sua caminhada programada.
Facilitemos - silenciando nossos clamores - a caminhada da alma recém liberta.
Façamos como a matéria, que fenece para liberar a essência quando é chegado o tempo de partir.
Que o arrependimento, não produza lamentos permanentes. Que consigamos encarar as falhas como uma etapa do aprendizado que nos leva ao esclarecimento. Como um alerta, para que os erros não se repitam.
Possamos ter, acompanhando a lágrima furtiva, nos lábios um sorriso. A certeza do porvir !