subsoletrando, subsoletrando
(ah! o mundo das letras)
a sopa de letrinhas tem por destino
o intestino, sempre,
mesmo que só
por amor
à rima
eine U-Literatur
(vaga lembrança
e poucas saudades da superfície)
o trem já atravessou tantas páginas, Jônatas,
(café-com-pão, café-com-pão, café-com-pão,
Virgem Maria, que foi isto, ô maquinista!)
agora é a vez do metrô,
Dona Literatura,
seu percurso voraz demanda entranhas
e há quem prefira
"uma literatura visceral",
a revista CULT, para citarmos um exempo
bye-bye, mainstream,
haja divã para tanto complexo de vira-lata
haja platéia para tantas divas doidivanas
o mirisola, hoje, na secção de cartas da Folha,
vocifera contra Patrícia Melo
e a turma do pirulito
(os leitores da CULT - nada mais justo!
- detestaram o boca-suja do mirisola)
jabuti, não
o mirisola tem de levar é muita, mas muita jabuticaba naquela cabeça de purungo
(também... o que ele fez com a Hildegard,
nem mesmo Santa Terezinha aguentaria);
e quem mandou confiar no Cabralzinho,
aquele filho da puta?
do usina , o autor/leitor DENISON Souza Borges
vai ser cuspido fora com a água
do buxixo, do bochecho,
do gargarejo
que deixe, pedras demarcatórias
de um caminho que -
cada qual à sua maneira -,
percorremos,
uma seleção dos seus melhores textos;
entre os imprescindíveis:
"Adentrando a vulva de minha mãe",
"Morra logo, mãe, sua casquinha,
eu quero a minha herança" e "O dia em que
os mestres da música foram para um jantar"
um pântano de salivação -
uilcon pereira definiu bem -,
a opinião pública
mas...
e a média?
e a mídia?
"don t play with dark things",
cantava bob marley
"mas isso faz algum sentido?", perguntarão alguns leitores atônitos
"sim" - sou eu, catatônico, quem responde -,
"principalmente em se levando em conta
que o usina de letras vem mais e mais adotando,
por obra de alguns
(alguns!)
de seus autores/leitores (e,
muito saudavelmente, é preciso que se diga),
o procedimento poético básico
da auto-referência"
um quadro de avisos,
e a roupa suja que se lava
em casa (e a criança que - lei de Murphy -
acaba sendo jogada fora com a água do banho)
"tudo que é bom para o lixo,
é bom para a poesia"
(manoel de barros)
de volta à infância:
"coelhinho da Páscoa,
que trazes pra mim?"
de volta ao começo:
subsoletrando
(ah! o mundo das letras)
(ah! usina de letras,
"meu vício desde o início",
quantos já te deixaram...)
"[...] e toda sorte de clichês",
cada vez mais imperdoáveis
e, já que a superfície anda irrespirável,
e já que a média desconhece o seu impasse,
só nos resta ir fundo: