Dia 2 de abril de 2005, essa foi uma data triste. Não apenas para católicos, mas para todos aqueles que trazem no coração a caridade, a tolerância, a bondade e a misericórdia. João Paulo II, ou Ioannes Paulus II, ou o Sumo Sacerdote, o Santo Padre, o santo Pontífice, o Chefe da Igreja Católica, ou simplesmente, Karol Wojtyla foi uma figura do século XX e início do século XXI que jamais será esquecida, aliás, que jamais poderá ser esquecida.
João Paulo II não foi apenas um Papa, ou o chefe do Estado Vaticano, mas foi um ser humano esplêndido. Respeitou as mais variadas culturas. Visitou todos os povos, colocou-se à disposição do mundo para servir. Lutou incessantemente pela paz. Foi o Papa da Paz. Uma figura frágil, debilitada pela doença, pelo tempo e pelo fanatismo de um jovem quando recebeu um tiro, mas que trazia em sua alma uma força gigantesca, capaz de mover céus e terra. Um exemplo de fé. Certamente, jamais existirá um Papa como ele, em que pese o respeito que merecerá seu sucessor.
Foi o exemplo vivo, assim como Gandhi e Madre Tereza de Calcutá, e tantas outras figuras, de que viver respeitando as diferenças é possível. E mais do que possível, é preciso. João Paulo II nunca impôs o catolicismo, mas defendeu seus princípios de forma fervorosa. Nunca fui um grande religioso, mas sempre acreditei que as pessoas devem ser fiéis às idéias e ideais que pregam. João Paulo II foi flexível quando foi preciso, e rígido quando necessário. Fez aquilo que Che Guevara disse: “É preciso endurecer, mas sem perder a ternura”.
Poucas vezes João Paulo II foi visto sorrindo. Sua face carregava a tristeza de um mundo em guerra, de um mundo que sofre, que chora todos os dias, e no qual inocentes ainda pagam um preço alto pela insanidade dos que estão no poder, dos desastres políticos e da insanidade religiosa. A Igreja teve seus defeitos no passado? Claro que sim. E certamente ainda têm muitos, mas não podemos deixar de ver glória onde ela existe e está presente. E João Paulo II foi um ser humano extraordinário. Sem sombra de dúvidas.
Fica aqui registrada minha singela homenagem a este ser humano que lutou em prol da paz, todos os minutos, de todos os dias, de todos os anos de sua vida e de sua missão como chefe do catolicismo. Enquanto chefe da Igreja, soube o peso de sua responsabilidade e o impacto de suas decisões e opiniões. Escreveu encíclicas eivadas de fé e de bom senso. Sobre a tecnologia disse certa vez: “Nem tudo o que é tecnologicamente possível é eticamente viável”. Palavras de uma sabedoria que não pode ser contestada. Defendeu com isso os postulados fundamentais da dignidade humana. A tecnologia jamais deve se sobrepor ao homem a ponto de dominá-lo e subjugá-lo.
Conversou com chefes de Estado de todo o mundo como um igual. E mesmo que não aprovasse a política vigente em determinado país, nem por isso deixava de receber seu chefe de Estado. Cite-se como exemplo o caso dos EUA. João Paulo II desaprovou veementemente a guerra no Iraque, mas nem por isso deixou de falar com Bush quando foi preciso. Pediu e intercedeu, mas não foi ouvido. Rezou e chorou por muçulmanos, hindus, e por todos, porque não via na face das pessoas a religião que professavam, mas sim, seres humanos que precisam de amor, tolerância, paz.
Certamente, João Paulo II marcou o papado no catolicismo, e, fora uma ou outra personalidade, com certeza nem tão cedo surgirá outro como ele. Em que pese o respeito que seu sucessor irá merecer, como já ressaltado.
Assim, fica registrado meu adeus ao irmão João Paulo II, exemplo de fé, amor, caridade e paz. Ele sabia o que era preciso fazer, e fez.