DEU ZEBRA NA JOGADA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
O PT nasceu com os pés no chão. Fortes e firmes como os do avestruz. E um sonho de asas vermelhas: chegar ao cume do poder, voando alto como a águia. Fiel e amigo como o cachorro. Ético e avesso à infidelidade que rasteja no chão, traiçoeira, como a cobra.
E o PT cresceu e ficou grande como o elefante. Trabalhou muito, como o burro; e, finalmente, chegou lá.
E logo foi tirando o coelho da cartola. Promessas e mais promessas. Metáforas e aforismos. Papo de peru. Imitando, como macaco, o seu antecessor. Até a tabela do leão ficou do mesmo jeito: sem correção. E as imitações não pararam por aí.
Muitas viagens pelo mundo inteiro. Do Oriente, dos camelos, ao continente africano, dos tigres.
E começaram os sintomas da síndrome do pavão: suas lideranças ficaram vaidosas e indiferentes para com o povo que as elegeram.
Até que, numa sexta-feira treze, resolveram cantar de galo, em grande estilo, para comemorar o aniversário de fundação do partido. Mas era dia de gato preto. E eles caíram do cavalo. Vinte e quatro anos jogados na lama dos porcos. Vinte e quatro. Coincidência ou não, apareceu o bicho que faltava, o Waldomiro. O amigo urso que levou a vaca pro brejo. Deu zebra na jogada.
E o partido que era forte como um touro, virou um carneiro: manso, tímido e calado. Irreconhecível.