RANDAPia e cai. A nota de R$ 2,00, que leva à mão é carregada pelo vento. U-Lalau iria comprar pão para o café da manhã do casal de amigos, Pantera Corde Rosa e Zeca Gão. Pouca gente andava pela rua naquele horário. Havia necessidade de surgir viva alma - e justamente para abrir a porta da casinha da escola na hora H?
Odiava aquele prédio, sobretudo o profe de Português. Pois a nota foi voando e se enfiou, como perfeita mal-educada, pela fresta da porta que se abria, bateu na parede de tábua, tombou no assento e tchinnbum na bosta derretida, aquosa e parada.
Antes que o homem entrasse no recinto secreto, estava feita a cagada! Desesperado, U-Lalau chega junto, como zagueiro do Grêmio. O homem se ri do eVENTO inusitado, enquanto o pestinha observa que seu braço não alcança o fundo do buraco.
Sem pestanejar, então, oferece R$ 0,50 para o homem apanhar a nota. Antes que recuse a proposta, explica que é tudo o que tem no bolsinho. O homem hesita. U-Lalau pede que, "por favor", ajude-o, senão fica em maus lençóis em casa.
Sensibilizado, o transeunte passa a mão sobre a cabeça do pirralho, descuidado e desastrado. Depois enfia a mão no bolso, enquanto sentencia:
- Por R$ 2,00 não me cago...
U-Lalau faz cara de choro. O homem retira R$ 2,00 do bolso. O menino sorri. O homem joga a nota dentro do buraco. O menino arregala os olhos, espia as notas e, depois, fita o homem, sem entender.
O homem explica:
– Por dois reais não me cago. Mas, por quatro reais, meto a mão na bosta. E nem aceito gorjeta.