Muitas vezes quando eu descia pela Rua Chaco, numa loja antes da padaria que fazia esquina com a Avenida Duque de Caxias, me chamava a atenção um moço sentado em uma cadeira. Era gordo, tinha um nariz singular e quando o ouvia pressentiasse um trovão. Ele tinha um vozeirão. Eu não demorei muito a saber que o moço chamava-se Euricles de Aragão e a loja era sede do jornal O Municipal. .
Certamente, nas vezes que o via sentado à porta do jornal, ou ele estava descansando ou "pescando" idéias nas pessoas que passavam pela rua, enquanto refletia sobre a cidade que adotara.
Ele, no jornal, fazia de tudo. Era editor, repórter, colunista e todas as coisas necessárias para que o jornal fosse ao encontro de seus leitores, e ia.
Segundo o relato que me foi dado muitos anos depois pelo jornalista Josué Cardoso, o Aragão se encontrava dentro da fortaleza do Tenório Cavalcanti quando esta fora invadida pelo Exército Brasileiro, segundo o próprio . Como repórter, testemunha ocular da história, estava presente. Aragão também foi membro e um dos fundadores da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes.
Em mim, a imagem do bom e velho Aragão, sentado à frente do jornal em sua cadeira, como trincheira de resistência, por uma cidade melhor, é uma festa em minha alma.