Outro dia um amigo chamou de violeta a orquídea de outro. Apenas um engano, nenhuma intenção oculta. A primeira reação de todos foi achar que a orquídea teria sido ofendida. Só ela? Que terá pensado a violeta desta história? Com todo o respeito ao dono, credor de inúmeros méritos, acho muita pretensão a orquídea se ofender. Muito suscetível pro meu gosto.
As orquídeas são como certos tenores. Exigem toalhas, camarins, orquestras, talharins e rapapés. Em troca, flores belíssimas, não há como negar. Muito apreciadas, são como certas árias que só os melhores tenores podem cantar. A beleza da orquídea premia a paciência e exige dedicação. Só alguns conseguem colher suas flores.
As violetas são mais simples, como uma dupla caipira de antigamente. Chega sem alarde nem exigências, vai tocando e cativando a todos sem que se dêem conta. Quem haverá de resistir a uma moda bem cantada, uma ou outra rima bem posta? Mais generosas, as violetas oferecem suas flores com mais facilidade. Basta um cuidado mínimo e o prêmio é certo.
Comparação inútil esta da orquídea e da violeta. É como comparar louras, ruivas ou morenas. Não há jeito, nem motivo para tal empreitada. Cada mulher tem seu charme, mesmo que apareça com o cabelo verde. Que fazer? Cada violeta, cada orquídea tem seu encanto particular.
A vaidade tem seu espaço quando desafia, exige melhorias, incita ao progresso.