Pensar que a grande maioria dos nossos parentes, dezenas de amigos e colegas, centenas de conhecidos já morreram e se encontram vivendo na eternidade é dose para arrepiar os cabelos (daqueles que os têm), pois não temos notícias alguma desse misterioso local Não sabemos nada como será a vida ali , inclusive como procede a alma sem o corpo e quais são as atividades para preencher o tempo sem fim. Quem quiser pode soltar a imaginação e cogitar do que lhe passar pela cabeça, mas tudo será mera especulação, fantasias que poderão ou não vir a corresponder com a realidade. Por isso existe o sábio conselho de não se pensar em detalhes , de como será a vida na eternidade. Aliás, passa pela minha mente, neste momento, aquele ensinamento evangélico de que a cada dia basta o seu mal ou seja, dando uma interpretação bem lata, não é conveniente se perder em cogitações embaraçosas, obscuras ou incompreensíveis, face à s limitações humanas.
Com o script dessas poucas linhas já nos deparamos com o mistério da imortalidade da alma ou da eternidade da vida. Mistério, sempre o mistério em nossas vidas, situação absolutamente incompreensível somente à luz da razão. A Revelação divina, que existe desde a criação do mundo e a do Novo Testamento trazida por Jesus Cristo é que nos clarificam e tornam possível entender o importante tema. Aí, porém, entra outro ingrediente , imprescindível: a fé. A fé, porém, é um dom infundido por Deus , uma graça recebida pelo batismo. Nós que somos batizados recebemos essa virtude cardeal quando recebemos esse sacramento e os demais - que têm outra religião -, não a receberão ? Não podemos esquecer que a fé é infundida por Deus e assim, acredito, pode existir em pessoas que professam outras religiões teocêntricas.
Mas, o fato daquela imensa legião de parentes amigos e conhecidos já se encontrarem na vida eterna e encontrarmos em Finados motivou estas reflexões. Talvez por sentir saudades , talvez por pensar que daqui um certo tempo também estaremos do lado de lá, em companhia deles. Quer queira, quer não, seremos conduzidos , um dia, Ã companhia daqueles que nos precederam. Talvez por notar que a vida vai se tornando totalmente diferente dos hábitos que cultivávamos há muito tempo e que vão desaparecendo, talvez por ver e sentir, tudo se modificando, nem sempre para melhor, tenhamos tais pensamentos. Há excelentes alterações no modus vivendi atual, mas também existem coisas estranhas e absurdas que temos de aceitar para não tumultuar. E depois, se formos contestar, seremos a minoria, esmagada, tida por anacrónica, rançosa, velha etc. Isso tudo aos poucos, vai nos obrigando, vez ou outra, a pensar na eternidade e - confrontando com o desassossego, a correria reinante, a insatisfação, o sofrimento da maioria, o desentendimento, a discórdia, a impossibilidade de harmonia e demais negativismos -, considerá-la como algo bom que, mais cedo ou mais tarde será a realidade para nossas vidas.