Peguei as minhas coisas e saí por aí. Sem rumo. Sem vergonha de não ter um rumo, ou mesmo, sem precisar de um.
Levei comigo a desilusão de amar alguém, uma música de lembrança e nada no peito, apenas vento...
Não olhei para os lados, muito menos para trás. Andei até me perder do mundo. Arranquei almas de pessoas boas. Fiz anjos chorarem a mesma desilusão que um dia eu tive, como que por vingança. E eu, intacta, nada sentia ao vê-los tão tristes, murmurando meu nome... nem mesmo a falsa felicidade de me sentir vingada.
Andei. Sem sonhos. Sem brilho nos olhos. Gelada. Indiferente a qualquer coisa, por pior ou melhor que fosse.
Nada me fazia para de andar.
Até o dia em que você resolveu andar comigo. Andou muito e me disse coisas belas, que eu, na escuridão de minha dor, me recusava a ouvir e, no íntimo ouvia com alegria.
Quando parei estava quase morrendo. Foi o seu corpo que carregou o meu, já exausto, e foram as suas lágrimas que lavaram a minha alma da desilusão de um grande amor perdido. Perdido numa escolha insana, perdido numa batalha íntima com meu coração e vivo na minha alma e em todos os meus pensamentos eternamente.