A morte parece não mais existir. As pessoas, os indivíduos, simplesmente desaparecem, param de circular no pedaço. Um dia destes, contou-me um filho, que o sr. Cícero morreu. Fiquei surpreso, pois sempre cruzava com ele nas ruas próximas do escritório e o achava uma pessoa simpática. Além do mais, dera umas boas risadas, certa vez, quando um dos meus irreverentes netos , de apenas 7 anos o chamara de pinguço, simplesmente por o ter presenciado tomando alguns copinhos de cerveja . Daí relembrei a morte recente de um sobrinho com cerca de 50 anos e de muitos que vão desaparecendo daquelas ruas e praças que percorremos quase todos os dias.
Então percebi que a vida para nós outros continua do mesmo jeito e que aqueles companheiros de circulação, como automóveis com problemas, foram para as revisões ,para as oficinas e simplesmente desapareceram. E aí surgem outros carros, outros motoristas e com o movimento que não cessa , não percebemos a ausência daqueles que partiram silenciosamente... Viveremos sempre assim, no tumulto dessa correria e nem percebendo que muitos pararam de circular ? O chaveiro moço que sempre fazia cópias de chaves, o ex-juiz que esperava a esposa na porta do escritório, o aposentado que comprava o pãozinho fresco da tarde e o outro que vistoriava os demais, desapareceram ?
Não temos que nos surpreender. É a lei da vida que conhecemos tão bem e que esperamos que, ao chegar a nossa vêz (daqui a muitos e muitos anos), nos encontremos preparados para sumir tranquilamente. E neste ponto é que precisamos nos orientar e precaver. Precisamos, quem sabe, descobrir as razões do nosso existir e o que devemos fazer para encontrar a felicidade permanente, sonho imperecível que se aninha nas profundidades de todo ser humano. Verificaremos, então, que só a religião, através da revelação, é que pode nos confortar e nos indicar os meios para sairmos de circulação com absoluta segurança de nossa destinação. Fé. esperança, caridade virtudes infusas que todo o cristão recebe no batismo, devem ser aperfeiçoadas durante toda nossa vida , afim de que - ao vislumbrarmos os portais da eternidade-, nos encontremos tranquilos e felizes.
A fé como o sol , deve nos vivificar , nos plenificar com sua luz e calor, nos entusiasmando para superar os embates do cotidiano, onde deveremos conseguir tudo para cumprir a missão que nos é conferida. A esperança, agazalhada em nosso íntimo, é de que não serão vãos os nossos esforços. E a caridade traduz a alegria, a participação na conquista da vitória dos nossos irmãos que só a comum unidade da família cristã partilha com toda veemência.
Para terminar , fazemos votos que a profecia a seguir citada , do profeta Isaias, nos traga alguma consolação : " será ainda jovem o que morrer aos cem anos, não atingir cem anos será uma maldição " (Is., 65,20).