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Cronicas-->A SAGA DA IRRESPONSABILIDADE CRIATIVA -- 29/07/2002 - 15:38 (Ucho Haddad) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como tudo na vida, a moda também é cíclica e repetitiva. Mas não só linhas e tendências se enquadram neste matiz conceitual, mas a irresponsabilidade dos criadores principalmente.
Lembro-me de quando estilista era uma profissão respeitada e carente de glamour. Por mais arrojada que fosse, a criatividade sempre vinha acompanhada de responsabilidade e respeito pelo cliente que envergaria a criação.

Verdadeiro zoológico da moda, o São Paulo Fashion Week - maior evento da moda brasileira - não foi palco de inovação e ousadia, mas passarela do talento insano de muitos pseudo-estilistas que pensam ditar moda.
Mas enfim o que é moda?

Moda é aquilo que fica fora de moda.
Coco Chanel

É neste conceito da genial Coco Chanel que reside o respeito pela mais perigosa propriedade alheia, o dinheiro. Transformar uma reunião de penetras e descolados em código de usos e costumes do vestuário, em um país onde a maioria ganha até um salário mínimo, é assassinar a dignidade alheia.
Excluídos de todas as maneiras, os assalariados farão o possível e o impossível para estarem na moda, e assim fugirem de mais uma situação de exclusão.

Por mais que possa parecer uma visão marxista da nocividade da moda, o termómetro analítico é a rua, que por alguns momentos se transforma na passarela da vaidade de cada um.
Certa vez, anos atrás, deparei-me com duas mulheres que aguardavam em pé a chegada do ónibus. Ambas carregavam a inovação da época, a saia balonê.
A cena proporcionou uma veloz multiplicidade de pensamentos. De forma hilária e insensata imaginei dois botijões de gás fugindo de alguma cozinha para estarem juntos naquele momento.

Retomada a consciência, percebi quanta irresponsabilidade existia no conluio entre criadores e editores de revistas de moda. Juntos conseguiam fazer de um devaneio, muitas vezes movido à cocaína, o uniforme do sacrifício de um povo. Humildes mulheres tipicamente brasileiras - das pernas grossas e do quadril largo - transformavam as próprias silhuetas, por conta da moda, em musas de Botero.

Mas qual é o traço de semelhança entre as duas épocas?

O desprezo à dignidade e ao dinheiro do consumidor.

O que se viu no São Paulo Fashion Week foi uma tentativa ditatorial de impor conceitos, ultrajando a existência dos fora da platéia.
Entre glúteos firmes e seios içados pela juventude viu-se alguns poucos pedaços de pano, que algumas pessoas conseguem chamar de moda. Os sarados de plantão desfilaram com roupas que nem o jogador Cafú teria coragem de usar no Jardim Irene, mesmo com toda a sua majestade.

O que prevaleceu no SPFW, conhecida fogueira de vaidades de uma minoria, foram as linhas naturais implantadas em corpos de beldades, por obra do maior criador do mundo. Quem irá pagar os roialties a Deus?
Afinal o que mais se viu foram insinuantes corpos desnudos, e que o mundo tem conhecimento de ser obra do Divino.

Transferir ao mundo da moda o rótulo de uma mutante manifestação cultural é o mesmo que dizer que a polêmica Madonna consegue cantar.
No repetir da moda ressurgiu o rímel, naquela velha versão de boneca de bordel. Os lábios das anoréxicas engrossaram por conta de uma larga passada de batom, no melhor estilo Porcina do século 21.

Mas moda não é uma revolução?
Com certeza é, e o maior momento de revolução da moda que se pode ver no São Paulo Fashion Week coube à festejada Gisele Bundchen. Conseguiu levar no peito e nas nádegas a imagem de Che Guevara!
Se o Che soubesse por onde ele andou, creio que tiraria a boina para reverenciar a sua condutora.

Enfim, diante de tão incompreensível mundo cabe-me finalizar esta saga com a frase de um dos maiores pensadores da história, que certamente não faz parte desse imundinho fashion.

Não há nada tão terrível como a ignorància ativa.
Johann Wolfgang Von Göethe


Ucho Haddad
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