Durante anos, a música Chips, da trilha da Novela Água Viva, trazia-me a imagem dos barcos da praia de Botafogo. E ficava dentro de mim algo me incomodando, como um sonho vago e indefinido. A imagem do ator que pegava o barco e ganhava o mar, deixando tudo para trás, sugeria-me uma fantasia vaga.
Um dia, finalmente, nasceu o poema "Os Barcos". Acredito que um dos mais inspirados da minha vida, pois sempre que passo pela Praia de Botafogo, até hoje, meu olhar se vai ao longe, sonhando, sonhando.
Só que aconteceu o inacreditável: um maldito vírus comeu o poema que, sem dúvida, foi um dos que mais demoraram a tomar forma, posto que muitas, a imensa maioria das minhas composições são instantàneas. Esse poema definitivo, que levou mais de década, perdi-o, como tantas outras coisas que já perdi.
Não sei se tenho forças para tentar reescrevê-lo.
Algumas batalhas na vida eu já desisti por cansaço.
De qualquer modo, há uma magia entre eu e os Barcos da Praia de Botafogo, uma espécie de promessa de que um dia serei livre para poder estar ali, eu, os barcos e o infinito mar!