Tendo a Presidência da República como única presa, os candidatos começam a definir posições nas pesquisas eleitorais como lobos que demarcam os seus territórios. Tudo na tentativa de evitar o ataque de outros leporinos. Na sequência lógica da natureza política, partem para a caça ao eleitor.
A última pesquisa eleitoral não trouxe novidades, mas revelou o óbvio para o espanto dos tucanos.
Adormecido na idéia de que José Serra é o melhor representante do partido, o tucanato deve estar começando a despertar para o arrependimento
Como a política tem seus inexplicáveis mistérios, Tasso Jereissati sai fortalecido desta situação, apenas por ter sido preterido pelo PSDB na corrida presidencial. Silenciosamente, o governador do Ceará acaba dando o troco ao apoiar um candidato da oposição, o amigo Ciro Gomes.
Ciro, que começa a subir nas pesquisas eleitorais, desponta como a única via coerente, pelo menos no discurso, para governar um país tão desgovernado.
Não existe partidarismo neste pensamento, mas uma conclusão matemática. Depois de toda a manobra palaciana, financiada com o dinheiro público, o candidato do governo despenca nas pesquisas.
O discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso, e principalmente os oitos anos de seu governo, não conseguem convencer a maioria do eleitorado. O povo não quer continuidade, como prega o presidente, e muito menos continuísmo.
Somados os resultados de cada candidato oposicionista na última pesquisa, o descontentamento popular chega a sessenta e nove por cento.
Creditar a subida de Ciro Gomes ao péssimo desempenho de José Serra seria uma irresponsabilidade. Serra cai por si só. Cai da mesma forma que Anthony Garotinho. Cai por representar uma insana e má humorada continuidade.
Mas por que Ciro Gomes sobe nas pesquisas?
A ascensão de Ciro se dá pelo dúbio comportamento do candidato do Partido dos Trabalhadores, Luis Inácio Lula da Silva. Concorrendo pela quarta vez, Lula decidiu que desta vez irá chegar. Tanto é verdade, que na convenção do partido o candidato disse que nunca esteve tão fácil ganhar.
Mas corrida eleitoral não é uma presa tão fácil. As últimas pesquisas têm revelado a verdade!
O candidato do PT tem mostrado que está disposto a tudo para chegar ao Planalto. Lula tem se rendido à s ordens do governo, mesmo encenando uma pseudo-revolta, e tem sido complacente com a voracidade do mercado financeiro internacional. As falácias petistas vão, lentamente, se desmoronando, como no caso da senadora Heloísa Helena que foi abandonada pelo partido por ser coerente com os princípios partidários.
Caso as próximas pesquisas eleitorais mostrem a mesma tendência evolutiva, será inevitável um segundo turno entre Lula e Ciro Gomes.
Pelo cenário atual, ambos candidatos serão obrigados a condimentar os ataques ao modelo económico, caso queiram manter as esperanças de chegar ao Planalto.
Neste ponto, Luiz Inácio Lula da Silva sai perdendo. Verdadeiro camaleão político, Lula foi mudando a pele no anseio de aplacar o seu sonho. A nova couraça apresenta nódoas dos interesses escusos, deixando para trás aquele tão necessário e combativo sindicalista de outrora.
Independentemente da qualidade dos planos de governo de cada candidato, a decisão vai ficar por conta da telinha. E quando o assunto é televisão, Ciro Gomes é mais convincente do que Lula. O povo, salvo algum engano, vai acabar optando pelo bibeló da Patrícia, deixando de lado o sapo barbudo da Marisa.
Seara predileta dos marqueteiros de plantão, as campanhas eleitorais se transformaram em um verdadeiro tablado, além de uma incansável cornucópia. Diante de uma platéia de mais de cem milhões de eleitores, um verdadeiro show de ritmo e criatividade do marketing político.
Mas nem tudo está perdido, pois cada candidato tem o seu talismã eleitoral.
Anthony Garotinho conta com a prece fervorosa de seus fiéis correligionários. José Serra tem ao seu lado a beleza de Rita Camata, que tenta domar o mau humor da fera. Ciro Gomes é apaixonado pela simpática e persuasiva Patrícia Pilar. O Lula... Bem, o Lula está abraçado à irresponsabilidade criativa de Duda Mendonça.
Enfim, lobo não engole lobo porque engasga com o pelo!