Autor: Marcel Agarie
Data: 16/07/2002
Crónica : "Sanitário Feminino"
Graças a gripe que me atacou nesta virada de clima em São Paulo - com certeza não sou o único privilegiado de estar tossindo, espirrando e com nariz escorrendo - todas as noites eu tomo uma garrafa térmica de chá quente, para ajudar espantar um pouco o frio e o mal estar, e consequente também, estufar minha bexiga de muito líquido. Essa mesma bexiga que se enche de chá todas as noites, hoje não se esvaziou pela manhã e me colocou em uma situação extremamente cómica.
Eu estava na recepção de um consultório quando a vontade de urinar apareceu, e sem resistir, perguntei para a recepcionista onde tinha algum sanitário para tirar a "água do joelho". Com toda a educação, parecendo com uma robó(a) maquiada, ela mostrou-me o final do corredor.
Segui na direção indicada e por lá encontrei 2 sanitários, um masculino e um feminino, um ocupado e outro livre. Agora adivinhem qual estava ocupado? Isso mesmo! O masculino estava ocupado e eu, agora, mais apertado.
Como eram sanitários individuais, até passou pela minha cabeça invadir o território feminino, mas ao mesmo tempo imaginei que a pessoa que ocupava o masculino não iria demorar. Erro meu, pois passaram-se alguns minutos e nada do rapaz, velho ou criança sair por aquela porta. Minha expressão - acho - já era de desespero, pois uma senhora que cuidava da limpeza do consultório toda hora passava por mim e me olhava querendo me dizer alguma coisa. Foi quando ouvi, para a minha alegria, o barulho da descarga através da janelinha de cima da porta, e nesta hora, a minha bexiga já começou a comemorar e inconscientemente a vontade parecia aumentar.
O problema é que o fulano que utilizava aquele vaso sanitário não saiu, e pelos sons que passavam por cima da porta, agora ele estava escovando os dentes. Neste instante, a "tiazinha" da limpeza apareceu novamente e disse para usar o banheiro feminino mesmo, que não teria problema. Hesitei um pouco no começo, mas acabei cedendo. Para consolar, ela me disse que não contaria para ninguém e que seria um segredo nosso. Dei um sorriso e entrei.
Levantei o assento que as mulheres insistem em deixar abaixado e comecei a urinar (fazer xixi). Nem deu tempo para mirar o "pipi" direito, tamanho foi o jato que saiu descontrolado, mas sem fazer no chão ou fora do local permitido. Foi um alívio, até me esqueci que o sanitário era feminino.
Quando eu sai, o banheiro masculino já estava vazio com uma enfermeira olhando para dentro dele. Ela, ao me ver sair do banheiro feminino, deu uma risadinha sarcástica e perguntou:
- Você é o Marcel?
- Sim, sou eu.
Para o meu azar, a enfermeira foi me chamar na recepção e informaram que eu estava no banheiro. Com isso, ela foi me procurar e me encontrou, mas para a surpresa dela, no banheiro feminino. Não tenho idéia da minha expressão neste momento. Tentei explicar que a "tiazinha" da limpeza autorizou-me, ou melhor, encorajou-me a usar o banheiro feminino, mas não deu, as risadas foram inevitáveis. Depois, ela mesmo me confessou que já usou também o banheiro masculino em situações parecidas a minha, mas que ninguém tinha visto.
Fiz os exames necessários e na saída procurei a "tiazinha" da limpeza para falar sobre o "mico" que paguei. Claro que não era para lhe dar uma bronca, mas para rir um pouco mais da situação. Infelizmente não a encontrei, tinha ido almoçar.
Para evitar que situações como essa aconteçam de novo, a partir de hoje, quando eu estiver apertado para ir ao banheiro, serei homem até o fim. Não que eu deixei de ser homem para utilizar o sanitário feminino, mas honrarei as minhas calças... Mijadas, mas até o fim!
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