Cansamos de escrever, ver ouvir e falar sobre os vivos. Hoje queremos escrever alguma coisa sobre os mortos, embora não se trate do dia de Finados. Também não pretendemos ser tétricos, como nos filmes de vàmpiros ou de Frankstein, a ponto dos mortos e tudo que a eles se referirem sejam atemorizantes. Desejo relembrar pessoas que passaram pela existência como nós estamos passando e que , pela precedência , já foram convocadas para a vida eterna. E nessa precedência, todos, têm as mais caras lembranças, é evidente, dos ascendente e descendentes falecidos, irmãos, parentes, professores, educadores, colegas e amigos.
Todos esses falecidos, já estiveram nesta vida. Trabalharam , lutaram pelo ideal que intimamente abrigavam e foram chamados para viver outra vida. Não cogiteis da vida dos mortos é o ensinamento bíblico e realmente não pensamos enveredar por esses impenetráveis caminhos. O que tentamos exteriorizar succintamente, seria a saudade dos companheiros que , como nós outros, participavam dos mesmos ideais, sonhos e aspirações... Seria captar imponderáveis gestos, mensagens, palavras ou sorrisos que nos impressionaram , que nos deixaram felizes e que não podem mais ser repetidos ou confirmados. O meu professor de física, por exemplo, Irmão Isidoro, nos idos tempos de colégio, dizia: já observou a ordem e a tranquilidade que existem em um cemitério ? Não seria o prenúncio da paz que deve existir na vida futura ?
E, revolvendo a filmagem- agora para ambientes desaparecidos-, parece que nos encontrávamos em mundo dominado pela moral, onde o recato, o pudor , a decência eram baluartes intransponíveis e a religião católica intolerante, única e verdadeira ! Discutia-se se a saia da mulheres podia ser acima dos joelhos, se o véu devia ser abolido, se e quando o jejum e a abstinência de carne seriam obrigatórios ou dispensáveis. Cinema semanal imperdível, mais desejado pelos jovens do que as missas do domingo, enquanto o futebol era artístico, esportivo, ameno.
O avanço foi destruidor: véu abandonado, mini-saias vencedoras,religião tolerante - o pecado , oculto como um tesouro - , tudo reformulado, rebatizado, reinterpretado, tolerado. O mundo parece mais feliz, expurgado das amarras que o impediam de alcançar o mar aberto. Pura ilusão, porque nesse mar aberto, as tempestades e os perigos são maiores.Haja vista a degradação sexual. Com o permissivismo total, sexo ao alcance de todas as idades e a qualquer momento, o paroxismo do prazer supostamente atingido, o infeliz contemporàneo (geralmente jovem) partiu para as drogas e essas açularam violência aterrorizadora.
O homem do final e do começo do século XXI se encontra apavorado e perdido no Universo. Perdeu a fé e desprovido de suas antenas que o conduziam para a felicidade, feito barata tonta, corre por todos os lados esperando o momento final.Precisamos reagir, como nos velhos tempos dos saudosos predecessores.