A ESTRELA
(24/01/00 10:35)
José Geraldo Barbosa (Zito)
Sábado à noite. Sentado calmamente nos fundos de minha casa, olhei para o alto e, dentro do àngulo de visão que as construções me proporcionavam, enxerguei uma estrela. Uma única estrela naquele pedaço de céu.
Fixei-a e percebi que, ao desviar o olhar de um lado para outro, assim que atingia determinado ponto, mais ou menos centralizado entre o lado direto e o esquerdo dela, a estrela desaparecia.
Tratava-se, certamente, de um objeto qualquer que se interpunha entre mim e ela e que, devido à escuridão que nos separava, eu não podia identificar.
E, interessante... Fiquei ali a tentar posicionar a vista exatamente naquele local, isto é, no ponto em que a estrela ficava totalmente oculta, restando apenas trevas na amplidão do céu.
De repente, me deu um estalo: - Puxa vida! Estou me esforçando para encontrar a posição exata em que tudo se transforma em escuridão e, o que é pior, estou encontrando uma dificuldade danada para atingir esse objetivo.
Por outro lado, notei que, fora daquele ponto, ao desviar o olhar para qualquer dos lados, a estrela ficava perfeitamente visível, mostrando todo seu brilho, toda sua luminosidade, irradiando uma visão que parecia transmitir paz, tranquilidade e, ao mesmo tempo, alegria, vida, talvez até um sentimento de esperança.
Aí, percebi que no dia-a-dia, muitas vezes, a gente age de forma idêntica. Quantas vezes não nos surpreendemos tentando ver somente o lado ruim das coisas e, num exercício de tremendo masoquismo, fazendo esforços sobre-humanos com um único objetivo: sofrer.
A estória da tal estrela me deu uma lição que vou seguir. Ou, ao menos, tentar. Se vou conseguir, não sei, mas quando algo de mau acontecer, tentarei lembrar-me de desviar o olhar para todos os lados possíveis, em busca de algo bom, luminoso, irradiante, e não deixá-lo fixo no único ponto em que todas essa coisas boas desaparecem, fato que poderá levar- me, no mínimo, a um estado de profunda depressão.
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