Neste momento em que escrevo, me deu uma grande tristeza porque tudo está mudando e nós, rotineiros e provincianos, gostamos sempre das mesmas coisas. O pior é que - como amante da vida - e desejando nos acostumar e aceitar tudo como inovações necessárias ou progresso, nos desiludimos com os modernos avanços ou seja, com a tecnologia do futuro. Exemplifico para maior compreensão : iniciando a navegação pelos tormentosos mares da internet vejo que os perigos ou desilusões são semelhantes à queles dos valorosos navegantes da época do descobrimento. Eles lutavam principalmente contra a força da natureza e a precariedade dos recursos; nós lutamos contra a deficiência do progresso e a inacessibilidade da vontade, ou seja, nem sempre podemos navegar na hora que desejamos.
Com isso ficamos frustrados e os nossos pensamentos se tornam sombrios, melancólicos, exigindo reflexão realista. A informática está aí e temos de nos acostumar com, os celulares e microondas digitais, som ,televisão os caixas eletrónicos et caterva, inclusive quando o sistema "está fora do ar". Então , se tivermos alguns instantes para pensar e o passado não se encontrar de todo esvanecido, teremos saudades do "tempo da caderneta" (metamorfoseada hoje no cartão de crédito), onde se comprava de tudo sem qualquer fila e com a maior facilidade... Todos aqueles costumes antigos vão desaparecendo e surgindo novos, felizmente bem recebidos pelos infantes e adolescentes, os mais idosos deles discretamente se afastando... E a medida que os anos passam - e a turma vai da terceira para a quarta , quinta e sexta idade -, a idiossincrasia cresce.
Teremos saudades das missas dominicais, dos jogos de futebol em campos famosos da capital paulista, das sessões de cinema com os clássicos de Hollywood, dos passeios pelos parques , jardins, centro da cidade e assim por diante. Hoje, tudo mudou e aquilo que representava algo em nossas vidas desapareceu, os filhos e netos não demonstrando o mínimo interesse, sequer pelo relato de episódios de um passado para nós multicolorido. Em compensação, rock, rap, reggae, festivais, esportes perigosos et caterva , motiva-nos muito pouco (ou deles só falamos para criticar) e assim está formado o conflito de gerações e explicado o desconforto que sentimos com as novidades e mudanças.
Os idosos, constituindo a minoria, saem fragorosamente derrotados e têm de engolir as mudanças , programadas ou não. Isso talvez represente um benefício, pois ao apagar das luzes, o homem envelhecido -exconjurando as novidades que lhe tiraram o gosto de viver -, começa a se interessar simpaticamente pelas viagens intersiderais, seguro de que aportará no reino de Jesus, do qual Ele disse para Pilatos, há cerca de 2.000 anos, não ser deste mundo. Quanto ao mundo, propriamente dito, ao século XXI e subsequentes, deixa de imaginar o que pode acontecer, pois genoma, clonagens, biogenética, sondas espaciais, transgênicos, cibernética, internet et caterva, funde a cabeça de qualquer mortal.