No sonho eu já estava com a passagem de embarque para a China, com emprego e salário ga-rantido como professor de cultura latina na univer-sidade de Pequim, quando derrepente apareço num bar com o letreiro "Café Brasil" com uma xí-cara de fumegante café no centro-oeste do mapa do Brasil, em cima de Brasília, para ser mais exato! Havia um português atrás do balcão, além de um casal de índios, o finado Grande Otelo e alguns estudantes que identifiquei como da UNE. Ao lado direito de uma figura de São Jorge, um papa-gaio naquelas gaiolas abertas, com o pé direito amarrado repetia incessantemente:
- Emprego, saúde, educação, previdência, moradia, reforma agraria!
- Que diabos é isso? - perguntei ao Portu-guês.
- É o Macunaíma! - A consciência da nossa gente!, respondeu o Português!. Em mais qui-nhentos anos pelas minhas contas, esse papagaio terá falado para mais de milhões de pessoas e então graças ao meu Café e ao Macunaíma teremos justi-ça social no Brasil!
O Grande Otelo (ou era Macunaíma?) riu.
Fui imediatamente puxado por um Chinês, dizendo que estava na minha hora.
Quando acordei, ainda era brasileiro.