Já perdi a conta dos meus processos romànticos. Essa descendência direta que tenho do primeiro Don Juan da história, se por uma lado torna meu coração irresítivel ao sonho feminino, por outro faz estragos consideráveis nele. Quando beijo os lábios femininos, sempre sinto-me flutuando. E um dia, uma das minhas namoradas disse-me que sentia aquilo. Desde então, deixei de pensar que era louco.
Por outro lado, as mulheres tem sido inconsistentes comigo. Tenho me sentido um toalete, tal o entra e sai de saias, vestidos e beijos e manias, maquiagens risos vinhos, poesias e palavrões e sempre uma carne e uma língua suave a ferir-me. Não esqueci nenhuma, creio.
As mulheres somente tiram-me do nirvana habitual.
Elas me picam, sabotam, ferem, levam-me ao pecado irremediável. Passeiam na minha lembrança, insinuam-se nos processos do meu corpo e fazem-me escravos da existência. Enquanto houver mulheres, existirei. Esse parece ser o meu carma determinado.
Bom carma, diga-se de passagem. Apesar de me fazer gemer sem sentir dor.
Sofro do Mal de Eva, irremediavelmente.