Quiséramos não sentir tristezas. Encontrarmo-nos sempre dispostos para a vida, tão cheia de sol, alegria, encantamento. Por quê não existe essa possibilidade ?
Não existe porque a natureza humana é imperfeita, nascida com a inclinação do mal (o pecado). Queiramos ou não, acabamos nos defrontando com o problema metafísico, porque dentro da realidade, do cotidiano simples e rotineiro, não encontramos solução alguma. É fácil constatar: basta uma doença, a morte de um parente ou amigo, uma complicação financeira ou uma simples notícia ruim (que nos afete), para nos entristecer e nos encher de perplexidades. Onde encontrar a alegria nesses momentos ? Como enfrentar o sol, a movimentação que nos cerca e da qual gostaríamos de participar ?
Lendo jornais ou revistas ? Conversando, assistindo tevê, indo a cinemas
teatros ou nos refugiando nos clubes ? A alegria, a paz tornam-se difíceis e o sofrimento - indesejado, malquisto, detestado -, ingressa em nosso mundo interior. Pessoas sem religião, debilitadas ou desesperadas, chegam ao paroxismo da loucura, como aquele
infeliz cidadão de Londrina que ateou fogo na família e em si próprio (há uns anos atrás).
Precisamos encontrar a solução aqui e agora. No desespero das coisas impossíveis e situações insólitas, o cristão-católico descobre na Ave-Maria a oração tranquilizadora, de efeito instantàneo, porque tráz a mensagem que deseja se concretize:
rogae por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte Agora, já, é momento importante de nossa vida, como será fundamental a ajuda divina, diretamente ou pelas mãos de Maria na hora de nossa morte. E na repetição da prece que todo mundo conhece desde criança, os prótons e os elétrons cerebrais negativos são destruidos, permitindo o regresso à normalidade, o caminhar para as ocupações habituais.
Queríamos meditar sobre a alegria permanente, esse maravilhoso estado de alma que somente a vida futura pode nos reservar em definitivo, porque é impossível no planeta Terra, a criatura viver plena e constantemente feliz. A conveniência da reflexão é justificável ainda, porque precisamos nos precaver, armazenando saudáveis pensasmentos de conformismo veraz, para os difíceis momentos das inexoráveis tristesas.
Não adianta seguir os princípios da boa sociabilidade, afirmando que tudo vai bem, obrigado, ou se espantar com os "edificantes" noticiários da tevê, mas é inelutavelmente mais tranquilizador o agora e na hora da Ave-Maria.
