ONTEM II - XII
(Ajuda de moradia para aumentar a mordomia)
Sem texto e nexo segue o ontem
o ontem mudo e calado
o ontem apagado
o ontem entediado
ontem cansado
o ontem de ontem
não era simplesmente um ontem
era o ontem
o dia D ontem
Quisera eu saber o ontem de depois
de depois
de depois de amanhã
o ontem sozinho sem mãe, pai ou irmã
o ontem da sorte talismã
o ontem de hoje um dia foi o amanhã de um outro ontem
E porque não falar de ontem
mesmo se tal ontem não tenha nada de novo a nos revelar
A mesma estória de sempre o ontem
o ontem se repete como os auxílios e ajudas de moradia
que só se paga a políticos e magistrados
afinal eles são juizes
mesmo sem juízo
é nosso o prejuízo.
Ontem é isso: Ajuda de moradia para aumentar o mordomia
Enquanto barriga de pobre ronca e mia
A panela está furada e vazia
e nem passam vaselina
Para ti plantar a "manaíma"
Ontem da velha estória do salário mínimo,
que aliás, faz jus ao nome é mínimo com todas as letras minúsculas e mal
pagas,
digo apagadas moedas
[irreais]
grandes cifras
dizem que governo gasta
por culpa deste famigerado mínimo
isto é o máximo!!!
Gostaria de escrever um ontem com o salário mínimo calculado pelo DIEESE
E lembrar daquilo que todos nós precisamos para viver com dignidade
Emprego...quatro refeições por dia...moradia...vestuário... saúde...
educação... bem estar social...lazer...serviços públicos de qualidade...
saneamento básico...respeito...
Quando ontem vem mudo, calado e submisso
Eu rasgo o verbo e desmarco compromisso
Larguei o trabalho por algumas horas
Pois não vivo de esmola
Vou tocar a letra da música do meu ontem em outra vitrola
Fiquei com a boca amarga
De tanto lembrar do ontem sem placa de [Não há vagas] nas fábricas
Vou sair pela culatra
Como as leis e medidas de provisão para bancar os privilégios
Do supremo, senado e congresso
Epa! Me barraram e tomaram meu ingresso
Avança Brasil, vá prá ponte que ainda não caiu!!!