Quinta-feira, dia 06 de dezembro. Acordo com minha cachorrinha lambendo a minha boca. Olho para o relógio e já são 7:30hs, e constato que estou 30 minutos atrasado para trabalhar. Jogo minha cachorra para o lado, na cabeça do meu irmão, que acorda resmungando. Preciso tomar um banho rápido para tirar a "nhaca" do corpo. Na pressa de querer pegar toalha, cueca e roupa tudo de uma vez, eu chuto o pé da cama. Uhhhh !! Que dor !!! Com isso fiquei mais uns 5 minutos socorrendo o dedinho do pé. Desço a escada correndo e ligo o chuveiro enquanto vou fazendo minhas necessidades fisiológicas. Necessidades fisiológicas ?? Tradução: eu estava fazendo cocó enquanto ligava o chuveiro. Entrei rápido no chuveiro e tomei um banho miojo, pronto em três minutos.
Eram 7:46hs, e estava eu saindo do chuveiro. Minha barba estava grande e era preciso dar uma amparada. Para ajudar a minha manhã de sorte, a làmina estava velha e cega. Mesmo assim, insisto em cortar a barba, e acabo cortando mais o rosto do que barba. Dou uma enganada na barba, faço alguns curativos e vou me vestir.
Pego a minha calça verde, que por sinal é a única do meu guarda-roupa. Começo me vestir e o botão quase não fecha. A cada dia que passa sinto-me mais gordo, precisando de um regime urgente !!! Visto a calça apertada mesmo e vou para o carro.
Abro o portão da garagem e coloco a minha maletinha de mil e uma utilidades no banco de trás. Sento no banco e rezo para o dia ser bom, pedindo para o que havia passado: o atraso, o chute no pé da cama, o banho miojo e a barba mal feita, fossem meras coincidências matinais, e que o meu dia seria lindo e maravilhoso.
Ligo o carro e uma luz amarela no painel me chama a atenção. O ponteiro da gasolina está na reserva. Pensei comigo. Não tenho um tostão !!! Já estou atrasado 40 minutos e não vou perder tempo sacando dinheiro no caixa eletrónico. Lembrei do débito direto no cartão, porém não adiantou nada, pois quando cheguei no posto de gasolina, para o meu azar - que era pouco nesse início de dia -, o sistema estava fora. Precisei fazer um cheque de R$20,00, que não é do meu costume.
Segui rumo ao trabalho, e no acesso para a Radial Leste um acidente parava o trànsito. Os "marronzinhos" foram obrigados a fazerem um desvio. Tudo bem, sem problemas !!! Eu só estava atrasado uns 50 minutos mesmo.
Depois de fazer todo o caminho do desvio e constatar que havia perdido no mínimo uns 20 minutos, olho no relógio e vejo que são 8:43hs. Nossa !! Nesta hora eu deveria estar sentado na minha cadeira, na frente de um computador trabalhando, e eu ainda não estava nem no meio do caminho. Eu juro que tentei não me estressar, e nessa correria toda, eu até me esqueci que tinha rádio no carro, deixando-o de ligar.
O jeito era encarar a realidade, ficar parado no meio daquele marasmo de carros buzinando e soltando fumaça, e tentar relaxar. Foi então que resolvi ligar o rádio para ouvir uma musiquinha.
Não acredito !! Procurei pensar o que acontecia com Murphy quando ele ia trabalhar. Ao ligar o rádio, para ouvir uma musiquinha, estava passando horário político. O que mais faltava acontecer ? Tentei não contrariar a realidade e fui ouvindo horário político mesmo. "... no Maranhão o índice de mortalidade caiu 23%, enquanto no Brasil ...blá, blá, blá..".
Cheguei na rua onde guardo o meu carro, e o relógio já marcava 1 hora de atraso. Naquele instante eu nem queria mais parar, pois já estava me sentindo feliz em ouvir horário político e mais nada de errado acontecer. Para variar, outro empecilho que prefiro classificar como um fato casual, pois na rua onde paro o carro, não haviam mais vagas. Tudo bem, com tantas ruas, para que vou me preocupar? Enfim, consegui estacionar na rua ao lado.
Entrei na minha sala, com exatos 75 minutos de atraso e acho que a minha fisionomia não era das melhores, pois meu amigo de sala, Dr. Marcelo, logo perguntou se estava tudo bem - um amigo sempre sabe quando um outro não está bem - e assim comecei a trabalhar.
Não foi fácil encontrar ànimo para trabalhar depois de uma manhã dessas, mas graças aos companheiros de sala, aos poucos fui deixando o desànimo de lado e voltando novamente a sorrir. Entendi que por mais que existam dificuldades, obstáculos em nosso caminho, sempre teremos os nossos amigos para ajudar.
Este texto, é muito mais que uma estória. É uma realidade que encaro todos os dias. É também um agradecimento pela força, coragem e alegria que encontro diariamente, quando entro na sala onde trabalho. Obrigado Marcelo, Lídia, Francisco, Joselito 100noção e também ao William, que mesmo não estando mais sala, ainda está em nossos corações. Boa noite amigos !!! (na voz do Provolone)
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