A agitação atual me traz novamente à meditação o problema da qualidade da vida no mundo de hoje. Acho um absurdo a correria sem fim, a burocracia crassa, a ignorància incurável, os conglomerados humanos e de prédios etc. etc. Nós conhecemos todas essas situações e as desastrosas consequências daí advindas e, como seres racionais, gostaríamos de encontrar solução para os mesmos . Há possibilidade ? Seguindo aquele aforismo que só para a morte não há remédio, acho que precisamos repensar o assunto com insistência.
Não é crível que o ser humano se encontre conformado com essa modernidade toda. Realmente é admirável a organização dos shoppings e sua grandiosidade, com escadas rolantes e elegantes magazines, os aeroportos onde a pobreza parece não existir, as rodovias com seus trevos imensos e belos onde se divisam milhares de carros circulando em harmonia e assim por diante. Mas, e onde existem os afunilamentos, as favelas, os lixões ? E que dizer da moradia nas grandes cidades para o grosso da população ? Tudo distante , prédios e mais prédios , altíssimos e alguns muito próximos dos outros , multidões e mais multidões , etc. Como conseguir tranquilidade, apta para saborear a vida , esse maravilhoso dom divino ?
Evidentemente, não existe. E assim, o pobre mortal realmente é um infeliz porque o seu destino é trabalhar incessantemente talvez na ilusão de que , enriquecido, encontrará a vida que sonhou. Mas a riqueza sendo privilégio de poucos, a maioria terá de se conformar apenas com a luta. A vida inteira terá lutado ou lutará para conseguir aquela relativa felicidade que, infelizmente, não lhe foi completa .Teríamos meios de reverter essa situação ?
Seguramente, sim. Os obstáculos são o problema, além de se precisar de tempo. Necessário , para começar, considerar como de capital importància educar as crianças, os jovens, o povo. E a instrução , obviamente há de se iniciar pela religião, pois, já é tempo de se abandonar a estúpida filosofia positivista da exclusiva formação física ou material. O homem é composto de alma e corpo, e a morte chegando todos os dias, deve-se exigir uma preparação para saber encarar aqueles dias inesperados e sombrios, totalmente desconhecidos para o ser vivente. De posse desse profundo conhecimento, as idéias , sem dúvida, surgirão mais claras e o homem redescobrirá a conveniência de viver sem tanta correria, na placidez dos horizontes infindos, das praias imensas, descongestionadas e amenas.
No decurso do tempo - sempre acompanhando o progresso- criará outras cidades (quem sabe próximas e até inter-ligadas) , descentralizando o casario urbano e os imensos arranha-céus e assim poderá viver com mais espaço, evitando a correria que anula muitos sentimentos da existência. Restará por um fim à burocracia. Essa também como um monstro pré- histórico e terrível, estrebuchará , um dia, com a instrução eficiente, onde a falsa cultura, então, será motivo de escárneo.
Talvez, um dia, recomeçamos a viver.