Nunca entendi o Aoristo. Desde que pela primeira - e derradeira - vez, por mim foi visto. Apresentou-mo o Frei Raul, um holandês, professor de grego, no Ginásio São Geraldo, em Divinópolis, no já longínquo ano de 1966. E eu, com meus incompletos dezesseis anos, que já havia tido gratificante experiência com o latim ginasiano, agora, no primeiro ano clássico, achava ainda mais instigantes as aulas de grego. Oi oiquía estin megalé...as casas são grandes... cheguei até a aprender, e guardar de cor, a Ave Maria...pela metade, mas escorreitamente. E no grego arcaico, conforme nos advertia o mestre Raul, com a sua pronúncia carregada, que na chamada se observava claramente: Môzart, Weber, Laêrcio... Mas no meu nome ele acertava.
Mas e o Aoristo? Não vamos confundi-lo com o Ariosto, Ludovico Ariosto, grande poeta renascentista italiano. Era Aoristo mesmo e até bem mais antigo. E o seu introdutor nô-lo descreveu com todo o detalhamento possível, mas não sei se algum outro meu colega de classe chegou a entendê-lo melhor. E desde então o tempo decorreu e do Aoristo agora ainda me lembro eu.
Minhas ocasionais pesquisas, agora facilitadas pelos mecanismos eletrônicos de busca levam-me ao cerne, ou berne...? da questão. Do vernáculo ao linguajar de tanto oráculo...mas ainda assim acho o Aoristo tão esquivo, tão frio e tão indefinido, entre um modo e um tempo verbal, que ao deixá-lo em paz, mal mal lhe dou um ciao...
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