Parece que o homem cansou de lutar contra o pecado. Não podendo vencê-lo definitivamente, procurou ignorá-lo, quem sabe pensando que assim procedendo ele desapareceria. Mera ilusão. O pecado, como o ar que respiramos, está em toda a parte. Ele não tendo vida biológica, é uma entidade neutra, imaterial.. Aguarda a vacilação da vontade para se acomodar em nosso organismo. Somos inclinados para o bem. Apenas inclinados.
De repente, aparece em nós uma atração pecadora. É aquela vontade de falar alto, agressivamente, ou de falar dos outros sem amor, naquela revelação de falhas e defeitos, geralmente incorrigíveis. É aquela sensualidade perdida nos encantos das atrações físicas. É aquela vivência sem Deus, inclinada exclusivamente para o consumismo, porque consumir é satisfazer a matéria, a única coisa que vemos e sentimos.
Então, estendemos o olhar à nossa volta e constatamos as insatisfações, as divergências, as traições, as maldades, as hipocrisias e toda a multidão de vícios da humanidade pecadora e indagamos preocupadamente : mas o Reino de Deus não começa neste mundo ? E é tão acabrunhante assim ? Se é o começo do Reino de Deus não deveria ser maravilhoso , aconchegante e estupendamente vivido ? O que se passa ? Há alguma coisa de errado ?
Acredito que sim. Erros e mais erros deve haver e todos da criatura humana, porque é perfeito o nosso Criador.Noto então, que há muita ignorància e falsidade no homem. Aliás, leio no profeta Isaias : " vossas faltas são o motivo pelo qual a Face se oculta para não vos ouvir. Porque vossas mãos estão manchadas de sangue e vossos dedos de crimes; vossos lábios proferem mentira, vossa língua entretem pérfidas conversas " (Is. 59, 2/6). Outro argumento: as estatísticas acusam que o Brasil é eminentemente cristão e católico. Logo, se todos praticassem realmente os preceitos evangélicos, a nação deveria se encontrar em maravilhoso progresso, porque daqueles preceitos só se emanam salutares ensinamentos. Por ignorància, fraqueza, dúvida, falsidade, tais preceitos deixam de ser praticados pela maioria das pessoas.
Evidente, pois, que esse reino material que poderia ser bem melhor, constituindo feliz preàmbulo do reino dos céus, deixa muito a desejar, chegando até a constituir-se num vale de lágrimas. Não cumprimos rigorosamente os preceitos evangélicos. Não podemos, portanto, desde já, receber as alegrias prometidas. É o pecado, o maldito pecado que se infiltra entre nós: nos enfraquece, nos avilta e nos impede de gozar a relativa felicidade a que temos direito desde já. Lutemos contra ele.