Este clima brasileiro exige a presença constante de aparelhos de ar condicionado. Tirando o inverno no sul, é sempre quente, e não raro, muito quente. Mesmo no sul, o verão é implacável.
Em Brasília, há a compensação do clima seco. É igualmente quente o ano todo, mas somos poupados do suor excessivo, uns mais que outros, como sempre e em todo o lugar. Talvez a secura do clima explique, ainda que em parte, a aparência dos senadores sempre tão alinhados, como se tivessem recém saído do banho. Observe nos noticiários ou quando encontrar um pessoalmente.
A despeito de suas inúmeras vantagens, o ar condicionado tem seus inconvenientes. Sem os filtros adequados, podem espalhar ácaros e odores por todo um prédio. O que se tenha em um canto acaba espalhado em todo lugar. A fritura da cozinha, os perfumes do toucador. Não havendo alternativa, o gato pode ser útil na caça. Nestes casos, emprega-se o ventilador. Não esfria verdadeiramente, mas pode refrescar. O maior problema é quando há algo leve por perto. Voa, espalha-se por todo o ambiente. Farinha, por exemplo. Um prato de farinha perto do ventilador é sempre um problema. É fácil imaginar, voa farinha para todo lado, uma meleca. Mesmo um senador pode ficar desalinhado.
Ninguém gosta, é claro, e as reações são variadas. Há quem não se abale. Dá um tapinha na roupa, uma espanadinha e um sorriso. Alguns destes tem classe, outros são grandes artistas. Há ainda os que tentam parar o ventilador soprando de volta. Alguns conseguem, mas são cada vez menos. Otimista, acho que está o perto o dia em que ninguém conseguirá.