Hoje recebi um e-mail de Pedro, um amigo que mora num balneário no norte desse imenso país. Estava eufórico, tinha descoberto uma forma de resolver o problema em Brasília.
Assim ele me escreveu:
Caro amigo,
Como você sabe, não sou um homem ambicioso. Tenho um emprego que apesar do custo de vida, me permite tomar minha cervejinha , comer um peixe frito nos fins- de- semana à beira-mar . Gosto de uma boa música, de um bom papo, do falar baixinho, de ver o luar e de ouvir as ondas do mar. Adoro poesia e uma boa leitura.
Considero-me uma pessoa, digamos, "normal". Sou um pobre assalariado que trabalha o ano inteiro para depois entregar meu dinheirinho na boca do Leão. Em parte acho isso justo, tenho que contribuir com alguns políticos. Não deve ser nada agradável ficar brigando , preocupado com armações em Brasília, e ter problemas financeiros ...
Pago na fonte, e numa matemática maluca , ainda tenho que pagar mais. Realmente desisti de entender. O que realmente sei, é que todo mês compro sempre menos com o mesmo salário. Devido a esses problemas, tenho que fazer bicos para ter um mínimo de conforto . Vivo e cansado e estressado.
Ontem a noite aconteceu algo realmente de lascar. Após quase doze horas de serviço, tomei meu banho e deitei na cama. Fiquei horas a fio tentando dormir , até que consegui. Após mais ou menos duas horas, acordei. Estava faminto, não tinha jantado direito. Assim, ainda cambaleando fui até a geladeira. Não tinha muita coisa ( você sabe como é geladeira de assalariado no fim do mês). Vi um pote bonito com uma substància amarela. Faminto, peguei uma torrada enchi do que pensava ser requeijão e engoli. Quando aquilo bateu no meu estómago, notei que havia comido algo estranho: era alho que minha esposa tinha passado no liquidificador!
Hoje a tarde quando vi a acareação no Senado, desejei estar lá. Resolveria o problema de uma parcela dos participantes. Afinal, vampiros e cobras detestam cheiro de alho.
É, meu amigo! Como sou um pobre mortal, fiquei vendo TV , tomando uma coca-cola para aliviar o meu desconforto, sem poder exercer minha cidadania.
