Eu estava em uma das elevações que havia numa das ruas que cortavam
os conjuntos populares da Cohab, em Senador Camara. Era carnaval.
Um bloco barulhento passava com carrascos, piratas, clóvis, piranhas,
palhaços, pierrots, colombinas e mais o que houvesse de fantasioso e de uma gente mascarada, formando
um todo que parecia uma orquestra mágica. Uma música tocava muito alto de
Um dos prédios.
"Macunaíma índio branco catimbeiro
Negro sonso feiticeiro
Mata a cobra e dá um nó"
Ali eu a percebi pela primeira vez que estava sozinho
e que a vida seria para mim uma espécie de exílio. Senti
que os mascarados do carnaval vinham de outro mundo e que aqueles que ali passavam eram como sombras
da realidade maior.
Ali naquele alto de monte tive meu primeiro insight do mundo feiticeiro
e bebi o gosto do infinito.