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Cronicas-->O BICHO -- 16/03/2010 - 00:00 (MAURO DELLAL) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130910347931465700
Assustado, de pelo escuro e sujo, sem coleira alguma, o pequeno animalzinho viu-se cercado por monstros mecànicos que passavam seus pés emborrachados, raspando-lhe todas as partes de seu pequeno corpo. Sem mãe ou dono que pudesse lhe ajudar e lhe ensinar que cachorrinhos não devem atravessar a rua sozinho, o pequeno resolveu fazer aquilo que seu instinto lhe dizia: ficou imóvel e rezou, do modo como cachorrinhos devem rezar, para que sua vida não lhe fosse arrancada daquela horrível maneira.
Assustada, de pele branca e limpa, com um colar de pérolas, uma senhora distinta assistia à cena penalizada. Gritava e gemia palavras de desespero, pedindo que os carros parassem sua fúria apressada; que tivessem dó da criaturinha indefesa. Não conseguia por mais que se esforçasse, berrasse e empinasse seu nariz. Tomada por uma ação de coragem, intrometeu-se naquela dança estranha de carros e pedestres. O grito agora vinha dos veículos, que paravam bruscamente, acompanhados de outros tantos, humanos e buzinas, demonstrando a insatisfação pelo interrompimento da normalidade. O pequenino continuou imóvel. Tremia de susto e de um frio inexplicável em pleno verão. Mas deu graças, como os cachorrinhos devem dar, por aquele infernal rodopio de rodas ter parado. Viu a senhora se aproximar e entendeu. Ali estava seu anjo, seu milagre. Olhou-a como nunca havia olhado para ninguém. As mãos tremidas e quentes daquele anjo seguravam-no agora em segurança. Acalmou-se e sentiu-se protegido do mundo. Dos braços da sua protetora, póde ouvir aquela música estranha retornando ao ritmo de antes. Deu novamente graças por ter escapado daquela coreografia. Não queria dançá-la. A senhora de colar de pérolas gemia-lhe latidos estranhos, mas a força do entendimento lhe dizia que eram amistosos. Podia saber disso pelo olhar carinhoso e pelo afagar em seu pelo sujo. Estava salvo e com seu destino traçado.
Na calçada, um menininho assistiu a tudo penalizado. Gritou, também, palavras de desespero e agora se sentia aliviado por tudo ter acabado bem. Quis dar ao pequeno animalzinho seu carinho. Apenas um carinho que não dava a ninguém, mas que estava sempre à flor de sua pele. Esticou a mão; ela tremia inexplicavelmente. A senhora de colar de pérolas fechou-lhe a cara, mostrou seus dentes e latiu algo perfeitamente compreensível.
Assustado, de pele escura e suja, o pequeno menino, sem coleira alguma, viu-se cercado por monstros mecànicos que passavam seus pés envernizados, raspando-lhe todas as partes de seu corpo. Fez aquilo que seu instinto lhe ordenou: tentou voltar ao seu canto, ao seu chão de papelão, sem mãe que pudesse lhe ensinar que menininhos...



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