Estamos atormentados com as crises do final e começo do século. A que mais de perto nos toca é a económica, porque se refere à moeda , meio eficiente de comunicação sem ou de poucas palavras, resultando na troca de bens ou mercadorias indispensáveis à vida. Acontecendo que a moeda sendo pouca e escasso os meios de consegui-la, há a exacerbação de atitudes, desde as legais - reivindicações e greves - até as ilegais - furtos e assaltos, tudo objetivando possui-la em abundància. Nessa disputa é que se põe à prova os valores morais. Como, de há muito, mandou-se para o porão os livros ou o próprio ensinamento da moral, acontece o que se está constatando no mundo de hoje : ao invés de harmonia, entendimento , compreensão, ajuda o que está imperando é o desentendimento, falcatruas , perversidades.
Fala-se com frequência em fraternidade, solidariedade, auxílio ou proteção aos menos favorecidos etc., mas o que se vê mesmo, é a dureza dos corações e, sob o pretexto do progresso robotizado, tudo é cada vez mais massacrante porque o que predomina é a cruel e insensível máquina. A lei máxima no mundo dos negócios atualmente é : amigos, amigos, negócios à parte. Falhou algum pagamento, o cheque foi devolvido, o empregado deu prejuizo à empresa (mesmo involuntariamente e até - em última análise-, em benefício dela), cometeu-se alguma outra falta ,etc., nada se perdoa e o sistema, não permite que se invoque a amizade ou o perdão.
O pior mesmo é que os jovens - aqueles que comandam a sociedade -, aceitam essa máxima como invencível, pois não acham viável mudança nas estruturas das elites administradoras. E têm razão porque educação , inclusive ética - laica e cristã -, não se apreende da noite para o dia. Estamos em efervescência. Vidas de jovens promissores estão sendo ceifadas em consequência dos descaminhos da sociedade. Será que continuaremos a viver distribuindo sorrisos, abraços e tapinhas nas costas, emitindo elogios escritos e verbais, no fundo , no fundo pouco nos incomodando com o próximo ?
Será que não poderemos reverter essa situação ? Realmente, não será fácil, porque, parafraseando ditos evangélicos os louvores são apenas da boca para fora, eis que os corações continuam endurecidos, não praticando a verdadeira caridade (amor). Todavia, o cristão sincero tem esperança que a redenção de Cristo não tenha sido em vão. Rememora as origens do homem, toda sua história e com a revelação que lhe foi outorgada por Cristo, chega a sentir ufania, pois o destino eterno reservado aos bons é maravilhoso. Então, abebera-se dos ensinamentos da Igreja e dos santos para não desanimar e se fortalecer. De S. Paulo lembra que devemos estar sempre alegres, evitando o pecado e jamais pensando em retribuir o mal com o mal .
No emaranhado de vidas divergentes, situações conturbadas, inexplicáveis, resta-nos ainda orar, confiantes na ação da Divina Providência, na mediação da Santa Mãe de Deus, do anjo da guarda e dos veneráveis santos de que somos devotos.