Lembro que o restaurante Gigetto, em S. Paulo, ficava aberto até altíssimas horas, frequentado por artistas, celebridades, figuras da sociedade e boêmios em geral. Quando saíamos tarde de alguma festa, era o máximo passar por lá e ver essa gente toda em carne e osso.
Aos domingos, na hora do almoço, ali podíamos comprar maionese, carne assada, ravióli, capelete, lasanha e outros pratos para viagem. O que escolhíamos era posto em embalagem especial e pesado na balança. Acho que foi a primeira comida pronta que vi "por kilo".
Os restaurantes do tipo bandejão nunca foram comuns, a não ser nas cantinas de universidades e alguns outros lugares, raramente espalhados pela cidade, ao alcance do cidadão comum. O normal era ver a "refeição" ou o "PF" em estabelecimentos mais simples. Em qualquer outro, o serviço era sempre à la carte. Se luxuoso, sabíamos que seria caro. Aqueles de aparência modesta deviam ser mais baratos, nunca tínhamos certeza. Depois de sentados, ao ler o cardápio, é que nos inteirávamos dos preços, o que muitas vezes constrangia as pessoas.
De repente, creio que no início da década de noventa, principiaram a surgir nas grandes cidades brasileiras os "quilinhos", cuja marca registrada era - e continua a ser - a "comida caseira". Verdadeira mão na roda, logo se encheram de fregueses.
De início localizados perto de escritórios e escolas em bairros de poucos restaurantes, eram locais pequenos, bem simples, onde trabalhava somente a família do proprietário. Depois apareceram outros do mesmo gênero por toda parte, inclusive em cidades menores. Muitos cresceram e até se sofisticaram.
Ao longo das estradas, ou em locais de turismo campestre, servem "comida caipira", que fica exposta sobre um grande fogão de lenha, para dar-nos a impressão de ter sido preparada como antigamente.
Em outros tempos, na hora do almoço escriturários e estudantes lotavam os balcões de padarias e lanchonetes para comer sanduíches, que ainda não se chamavam lanches. Lanche era o conjunto: sanduba + refri ou suco ou iogurte batido + cafezinho...