Ontem fui a um casamento, em São Paulo. Na igreja, enquanto uns chegavam, outros que já lá estavam, em voz baixa conversando, aguardavam. De repente, um zum-zum: o Fernando Henrique está aí, o Fernando Henrique está aí! Todas as cabeças se voltaram. Eu, também, meu pescoço virei, mas não o enxerguei. Em meu lugar continuei.
E nada da noiva chegar. Resolvi, pra distrair, dar uma voltinha lá fora, onde, numa rodinha, alguns sobrinhos encontrei. Foi então que vi, de costas, bem pertinho deles, adivinhem quem? Compenetrado, cumprimentava os que passavam, sempre fotografado. Queria tanto conhecê-lo, anunciei. Mas, de que jeito?... Riram de mim, e até o mais gaiato deu sugestões de espalhafato, que não concordei.
Finalmente a noiva chegou, a marcha nupcial anunciou. Depois de rezas e bênçãos, beijos e abraços, a cerimónia terminou. Fomos todos para a festa.
Entre salgadinhos e vinhos, fiquei zanzando de lá pra cá, sentando aqui e acolá, Conversa vai, conversa vem, meus sobrinhos se achegaram, vieram me mostrar. Ele está ali, tia, olha só!
No que olhamos, Fernando Henrique se levantou. Ele e um casal, em nossa direção, principiaram a andar. Não por nós, só queriam ali passar...
Diante de mim, porém, pararam os três, lado a lado. Percebi, então, que o amigo dele era também amigo meu. Que me cumprimentou. Aproveitando a situação, deixei escapar, não vai me apresentar ao Fernando Henrique? Claro! E voltando-se para o outro, disse: Fernando, é a Beti!
Meio sem graça, mas sorridente, o Presidente estendeu a mão. Durante aquele shake hands, fui dizendo: muito prazer, sou sua fã!
Muito obrigado, muito obrigado, ele respondeu polidamente Temos que ir embora, infelizmente. E, inclinando-se, tascou-me um beijinho no rosto, que me deixou muito contente.
Assim que eles sumiram porta afora, a rapaziada, sobrinhada, atrás de mim enfileirada, caiu na gargalhada.