Estive pensando sobre essa moda dos jogadores de futebol acenarem, subindo e descendo os braços, pedindo apoio da torcida, e também quando, após um gol, eles levam o dedo indicador à boca, ofensivamente, mandando a torcida silenciar, e cheguei à conclusão de que há nisso uma grande inversão de valores.
É a torcida quem se dispõe a ir até o estádio enfrentando o trànsito engarrafado, a falta de estacionamento ou o ónibus cheio, e ainda pagando ingresso, contribuindo para o salário deles, portanto ela é quem tem o direito de exigir que eles trabalhem jogando seu futebol e, até mesmo, que calem a boca quando estão reclamando da arbitragem, com risco de cartão amarelo, para não prejudicar o time.
Então imaginei a existência de telões (viva o avanço da tecnologia!) em volta do campo exibindo, em close, o gestual dos torcedores expressando sua vontade, como por exemplo: agitando as mãos pra frente para que eles avancem parando de tocar a bola de um lado pra outro; ou levemente, pra cima e pra baixo, pedindo calma na hora de um sufoco; ou apenas uma das mãos de um lado pro outro, em ritmo rápido, pedindo agilidade na saída de bola... e assim por diante.
Afinal, somos um país com mais de 100 milhões de técnicos e é preciso dar voz a essa gente, mesmo que seja na linguagem dos surdo-mudos. Mas não vale gesto indecente, estes seriam automaticamente cobertos por uma tarja preta, impedidos de aparecer no telão (viva o avanço da tecnologia!). O máximo permitido seria uma grande banana na hora em que o atleta perde um pênalti.