Não poderia deixar de me manifestar pelo falecimento daquele que no final de sua vida em apreciação sobre um dos meus últimos livros escreveu: "e encontro todo essa carga emocional naquele que mercê de Deus, veio a se tornar um dos meus melhores amigos". Durante cerca de trinta anos, em reuniões mensais, convivemos no Clube dos 21 Irmãos Amigos de Campinas. Odilon Nogueira de Matos, falecido no último dia 17 de fevereiro (2008), era um cidadão exponencial, um fora de série, como Pelé no futebol, Airton Senna no automobilismo, Joe Louis no box, etc. Eleito praticamente como orador perpétuo do Clube, Odilon encantava a todos pelo deslumbramento de sua fala. Historiador consagrado, jornalista veterano e emérito, dado sua permanente colaboração em jornais próximos do seu domicílio (Correio Popular em Campinas, A Federação em Itu), dedicou-se ainda ao magistério e à s suas pesquisas e trabalhos sobre história. Ao invés de dizer com palavras diferentes tudo que meus ilustres predecessores e amigos escreveram sobre o Odilon, vou preferir transcrever alguns trechos de suas manifestações:
"o que nos chamava a atenção na personalidade do Odilon era o amor ao próximo e sua lhaneza de trato. As honrarias, os diplomas de mérito, os convites para tornar-se membro de academias famosas, aqui e no exterior, não lhe alteraram a simplicidade de hábitos. Não só na sala de aula era um exímio contador de causos , mas também nas mesas dos cafés". (Duílio Battistoni, Correio Popular de 20/2/08). "Com a morte de Odilon Nogueira de Matos, Campinas fica mais pobre. Um historiador que, além das pesquisas próprias do seu ofício, criava maneiras agradáveis de dizer as coisas com incrível fluência e agudas pitadas de um humor saudável." (Francisco Fernandes de Araújo, C.Popular de 20/2/08). " Tua despedida desta vida deixa ecoando nos nossos ouvidos aquelas belas orações patrióticas proferidas, como orador do Clube dos 21 Irmãos Amigos de Campinas, da Academia Campinense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo." (Expedito Ramalho de Alencar, C. Popular de 22/2/08). "Não era apenas um acadêmico de alta expressão e um historiador de renomado padrão técnico. Adornavam-lhe o perfil o orador de singular talento, espirituoso, criativo a empregar uma argumentação brilhante, a analisar os fatos com rara percepção e a cativar os auditórios que lhe retribuíam com calorosos aplausos." ( Luno Volpato, C.Popular de 25/2/08). "Uma de suas maiores realizações, contudo, foi a coordenação e edição, por quase 40 anos consecutivos (o primeiro número circulou em 1969) da publicação Notícia Bibliográfica e Histórica. A partir de 1984 passou a enviar-me, bimestralmente, os exemplares desse rico manancial de pesquisa, sem falhar nenhum número nos últimos 24 anos!" ( Pedro J. Bandaczuk. C. Popular de 28/2/08). Finalmente, Roberto Machado Carvalho, seu colega do Instituto Histórico e Geográfico de S. Paulo, em brilhante artigo publicado na Federação de 29/2/08, discorre elogiosamente sobre a vida, carreira e obras de Odilon Nogueira de Matos, que será festejado, sem dúvida, como um dos nossos maiores historiadores de todos os tempos.
