Dois acontecimentos trágicos da vida cotidiana, ocorridos em dezembro de 2006, elevaram a humanidade ao máximo e a degradaram vergonhosamente. Foi espetacular e incrível a atitude do jovem Adriano Levandoski de Miranda (27 anos), se lançando nas águas pútridas do Rio Pinheiros para salvar mulher que se atirou, com o filho de 3 anos, nesse mesmo rio. Adriano rejeita a fama de herói, mas é inegável que o seu ato foi extraordinário, não realizável por qualquer pessoa. Em face do salvamento ocorrido, merece não só ser chamado de herói, como recompensas especiais precisam lhe ser conferidas. Estranhamos muitíssimo que os órgãos de comunicação não louvaram o episódio com o destaque a ser dado aos grandes feitos e realizações. Ao preparar esta crónica em sua revisão final, observo ainda que vi rapidamente na televisão (no final ou começo do ano), outro episódio heróico ocorrido nos Estados Unidos, se não me engano em Nova York. Cidadão americano negro, se jogou aos trilhos do metró, próximo a chegar, para proteger e salvar eventual suicida ou vítima de mal súbito.
Em sentido contrário, há tempo não se via crueldade tão ignominiosa como a dos dois assassinos de Bragança Paulista. Nem as estúpidas explosões dos homens bombas se afiguram tão cruéis como a desses dois perversos seres tidos como racionais! Colocarem fogo em automóvel, como se tratasse de churrasqueira, para eliminarem criaturas humanas honestas, trabalhadoras, decentes, indefesas! Agora não dá para se fazer mais nada. A irremediabilidade dessa chocante e trágica conduta ficará gravada na história dos mais horrendos crimes de todos os tempos, e nos faz meditar seriamente nos castigos pós-morte reservado aos réprobos.
Diante de opostos tão chocantes, precisamos mais uma vez, nos debruçarmos sobre o nosso mundo interior. Precisamos refletir que guardamos feras enjauladas e que a sua domesticação exige redobrados e constantes cuidados, pois na fase violenta e competitiva que atravessamos a qualquer descuido poderão ocorrer fatos insólitos, situações constrangedoras, surpresas desagradabilíssimas. É preferível que nos deixemos imbuir pela heroicidade. Será necessário que a virtude, as boas ações predominem em nosso comportamento e sejam diuturnamente incentivadas. Haverá dificuldades, porque os grandes instrumentos de comunicação se encontram nas mãos dos poderosos deste mundo que visualizam apenas os aspectos materiais (conforto, dinheiro, poder). Se relembrarmos, porém, que somos criaturas de Deus, que jamais nos abandonará, se a Ele recorrermos, por certo, não perderemos o entusiasmo. Utilizando toda nossa capacidade intelectiva, a inspiração divina deverá estar sempre presente e a nossa intuição, provinda do Criador de todas as coisas, nos levará a suplantar os obstáculos, escorraçando para bem longe as iniquidades que nos cercam.
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