A prosa do Sr. Portocalvo é tão instigante quanto sua poesia. Linguajar com gaguez jornalística, vício dos anos de profissão, cede a um polido texto, de exuberante leveza. Exato encaixe para os traços da personagem central. Esta - ufa! - obcecada por desvelar mistérios implícitos em relicária igaçaba tupi-guarani, exumada na aldeia de Cururus.
- Revolver o passado e achar o futuro da raça!
Tímidos, noticiários atestam: dos 300 mil restantes no Brasil gigante-pela-própria-natureza, 50 mil índios tornaram-se migrantes reclusos nas urbes metropolitanas. Natural antever-se, nos alvoreceres vindouros, curumins pungidos por maçantes pelejas em acérvulos bibliográficos. Estarão a garimpar indícios à conta das próprias origens.
- Quantos fóramos? Quantos seríamos?
Televisores acabam de invadir o´karas, violando intimidades guajajaras, no Maranhão dos babaçuais. Consequência: Exibindo perícia milimétrica, fêmeas de cabelo-liso-e-pele-cor-de-cobre se extasiam, bamboleando os quadris, nas excitações do forró, do samba, da dance music. Desativa-se o ritmo dos maracás.
- Há vítimas? Réus?
Lograsse eu de oportuna interlocução, afirmaria: Agregar persistência à temática que o acolhe em novo gênero literário, caríssimo Portocalvo, é assumir posto avançado no front defensor da cultura noutrora património de cinco milhões de nativos.