O céu não pode ser permanentemente azul. Infelizmente, nuvens escuras, em tempos indeterminados, encobrem o astro rei e nós outros pobres mortais, sentimo-nos como que sós, abandonados à própria sorte. Como não podemos decifrar as razões das coisas, ou seja, porque elas acontecem assim e não azado, muitas vezes, num titubeio da fé, nos sentimos amargurados e não sabemos explicar nada, o como e o porquê.
Fugindo dessa morbidez tristonha, resolvo caminhar pela cidade. A tarde, já cansada, procurava as sombras da noite, em nosso inverno tropical, onde o frio só aparece a altas horas e na invariável madrugada. Noto, então, em pleno centro duas antigas e tradicionais lojas completamente fechadas e extintas!Sinto que se trata do fim de uma época, pois existiam há mais de quarenta anos, e que a administração pública, em sua desgovernança burocrática, não cogita nem de leve em diminuir a pesada carga tributária que assola toda a sociedade. Constantemente, informa-nos a mídia que a tributação no Brasil é das maiores do mundo e a campanha eleitoral têm início, com apoucadas considerações sobre esse objetivo máximo que é diminuir a imposição tributária! Empresas antigas e fortes, e todos os demais que se aventuram no comércio, agricultura, atividades profissionais liberais, se encontram esmagados pelo peso dos impostos e da burocracia impediente! É triste, portanto, ver o desaparecimento de antigos estabelecimentos, decretando a inutilidade da atividade laboral, ao mesmo tempo que constatamos trágicas revoltas sociais, como a dos presidiários, que em desespero de causa e talvez sem pensar, dão cheque mate a todo o sistema penitenciário!
De outro lado, amigos, companheiros de jornada e de ideal, são requisitados para a eternidade e relembramos, temerosamente, que o mundo se encontra revolto, as ondas continuam agitadas e nós pranchistas sem vocação,despreparados, poderemos ter de enfrentar ondas encapeladas que podem surgir a qualquer momento. A luminosidade da fé, ínfimas partículas da Divindade, dons que gratuitamente recebemos, pode nos reerguer nesses momentos sombrios. É a graça que distingue o cristão que, sacolejando nos declives e lombadas da vida, se sente feliz porque novos horizontes o aguardam. Não é possível que os anseios de ventura, tão inerentes em nosso íntimo, sejam esmagados pelas vicissitudes da vida. Vamos nos reerguer. Abrir as janelas da alma para a penetração da luminosidade celestial que, induvidosamente, nos fará desviar de rotas perigosas e fatais. Não é fácil esse constante e contínuo cair e levantar, mas integra a condição humana manchada pelo pecado, constituindo-se, muitas vezes, na cruz que nos foi destinada e que temos de conduzir até o fim.
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