DILETANTE OU AMADOR ?
Dicionaristas não estabelecem diferenciação entre "diletante" e "amador". Para estudiosos e amantes das artes é clara a diferença, todavia. O diletante estaciona. O amador movimenta-se. O diletante adota uma influência, elege um estilo ou uma estética e ali permanece. O amador tem suas preferências, mas estuda, visita os mestres e acompanha as modificações vindas com o tempo.
O diletante é descompromissado. Gosta, mas não ama! Não se envolve com profundidade, não procura aprimoramento; aprende o pouco que lhe interessa e busca apenas uma distração. A arte é amante passageira, esquecida e abandonada no primeiro tropeço, na primeira dificuldade.
O amador envolve-se, compromete-se com a arte que elegeu para sua companheira. Ama e se dedica ao que escolheu para conhecimento, comunicação, prazer, efusão de alma e transbordar de criatividade. O estudo é uma constante, o resgate das grandes obras e personalidades, mais o acompanhamento da evolução, é empenho de vida. O amador procura a perfeição estética, o aprimoramento técnico. A sua arte é compromisso de sempre. Às vezes, alcança elevado padrão de qualidade equiparável ao dos profissionais; por outras, permanece na penumbra entre amador profissional e não sabe para onde vai: adere por alguma necessidade de afirmação, de reconhecimento, de aplauso; deseja se firmar e aparecer, mas patina em avanços e recuos qualitativos. A cultura limitada, restrita ao objeto de sua dedicação, é séria barreira que não consegue vencer. Especializa-se até em demasia, em alguns casos, mas, só encontra vida e arte nas paredes que criou. Nessa clausura de má-vontade, contempla e aplaude apenas o seu mundinho particular -repleto das regras por ele construídas. Infelizmente!... Outras vezes, o amador se acomoda, pelas dificuldades técnicas e pelas imposições da vida; e aí me vejo: amador em intenções e diletante em ações. Infelizmente, também!... Para mim, ainda, infelicidade é a "leitura de consumo", essa que "ajuda" quem publica, quando a vida média não avança pouco mais que 70 anos e, além dos bons autores que temos, a Grande Literatura oferece o mínimo de 50 livros que deveríamos conhecer. Sem contar História, Música, Sociologia, Psicologia, Filosofia...
José Eurípedes de Oliveira Ramos
Da Academia Francana de Letras
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